Transformação social, estratégia e sustentabilidade prática no II Fórum ESG Resorts Brasil

Crédito/Foto: Resorts Brasil.

 

Resorts compartilham ações reais, visitam centro de referência em sustentabilidade e reforçam compromisso com o território e as pessoas ao longo do segundo e do terceiro dia de evento

O II Fórum ESG Resorts Brasil, realizado no Malai Manso Resort (MT), avançou nos dois últimos dias com reflexões profundas sobre o papel da hospitalidade na transformação social, na promoção de ambientes seguros e no enfrentamento das mudanças climáticas. Constituído como um compromisso permanente da entidade sob a atual gestão do presidente do Conselho, Marcelo Picka Van Roey, o Fórum é reflexo de uma governança que entende o ESG como valor estratégico — vivido, compartilhado e incorporado às práticas do setor.

O segundo dia do evento começou com o painel Comunidade Forte: Iniciativas Sociais que Fazem a Diferença, que apresentou projetos voltados à educação, empregabilidade e fortalecimento das comunidades do entorno. Michelle Santos, gestora de qualidade do Clara Resorts, ressaltou que 80% dos colaboradores da rede são moradores locais e destacou o papel da taxa social no apoio a associações comunitárias, revitalização de espaços públicos e ações esportivas. “Eles se tornam agentes multiplicadores, de opinião e de ação”, afirmou. “Fazemos questão de explicar aos hóspedes para onde vai esse recurso, porque cuidar da comunidade é também cuidar do nosso time.”

Hugo Chaves, coordenador de ESG da Amarante Hospitalidade, compartilhou a metodologia que conecta jovens da rede pública a uma trilha de impacto que passa por formação técnica, mentoria e empregabilidade. “O nosso foco vai além da contratação: queremos gerar caminhos reais para que esses jovens se sintam pertencentes ao setor”, explicou. “É sobre acesso, mas também sobre permanência e transformação.”

Viviane Rodrigues, analista de facilities da Bourbon Hospitalidade, relatou a trajetória de mais de 20 anos de atuação comunitária no Paraná. “A comunidade nos conhece, nos procura e participa dos projetos. Isso cria uma relação de confiança que se constrói com tempo e compromisso.”

Carolina Soares, gerente de Sustentabilidade do Tivoli Eco Resort Praia do Forte, detalhou a gestão da taxa de sustentabilidade do resort, revertida em ações ambientais e esportivas. “Investimos em projetos como a preservação da fauna local e o apoio a atletas da região. O hóspede contribui com R$ 5 por diária e visualiza o impacto dessa contribuição.”

Maria Augusta, chef da Nestlé Professional, encerrou o painel apresentando o programa Yocuta, que capacita jovens em gastronomia e amplia sua visão sobre o mercado. “Queremos mostrar que existem caminhos além da cozinha tradicional. O Yocuta é um programa com alma, feito para despertar talentos e ampliar horizontes.”

 

Reflexões Coletivas de Evolução nos Eixos: Governança, Social e Ambiental.

Dinâmica de cocriação facilitada por Ana Biselli Aidar, presidente executiva da Resorts Brasil, e Juliana Salles, diretora de operações da associação, reuniu associados, diretoria, comitê ESG e equipe executiva em um exercício coletivo para transformar os temas prioritários da agenda ESG — nos eixos de Governança, Social e Ambiental — em propostas práticas alinhadas às metas do biênio 2024/2025. 

Os participantes foram divididos em grupos para trabalhar seis temas estratégicos definidos previamente pela entidade, aos quais se somou, por sugestão dos próprios associados, o tema da redução do desperdício alimentar. “Essa foi uma oportunidade de aprofundar o diálogo entre os associados e transformar escuta em compromisso prático”, destacou Ana Biselli. “Ao trazermos esse tema adicional para a dinâmica, reafirmamos a escuta como princípio da governança participativa.” 

A atividade resultou em propostas que vão desde a criação de indicadores próprios para eficiência energética, mapeamento de fornecedores sustentáveis e combate ao assédio, até a elaboração de guias práticos, políticas padronizadas e estratégias de engajamento com as comunidades locais. Em comum, os grupos apontaram a importância do apoio técnico da Resorts Brasil, do compartilhamento de boas práticas e da articulação institucional para dar continuidade aos compromissos assumidos no Fórum.

 

Integridade como Prática: Governança, Escuta e Prevenção de Riscos

No painel “Construindo um Ambiente Seguro: Combate à Exploração e ao Assédio”, Maria Luiza Romão, coordenadora de compliance do Grupo Amarante, apresentou os pilares do programa de integridade da rede, destacando como ele está plenamente integrado à agenda ESG. Estruturado em três frentes — prevenção, detecção e remediação — o programa define com clareza os comportamentos aceitáveis e inaceitáveis dentro da organização.

“Temos diretrizes claras e canais de denúncia estruturados, com gestão de consequências e ações corretivas”, afirmou Maria Luiza. Ela ressaltou que a maior parte das ocorrências está relacionada ao assédio moral e que a atuação do grupo se apoia em medidas tanto de prevenção quanto de correção, sempre com foco na sensibilização contínua dos colaboradores. “É fundamental aculturar as pessoas para que procurem ajuda — integridade também se constrói com escuta e acolhimento.”, afirmou.

 

Crédito/Foto: Resorts Brasil.

 

Certificação como diretriz

“No momento em que os dados estão organizados na plataforma, eles se transformam em argumentos para decisões estratégicas e comunicação legítima”, afirma Tatiana Pacheco, COO da ESG Pulse. “A certificação permite reunir em um só lugar — RH, manutenção, cozinha, recepção — todas as evidências com as métricas certas, baseadas em normas reconhecidas.” No II Fórum ESG da Resorts Brasil, a ESG Pulse reforçou seu papel no apoio à gestão integrada e transparente dos resorts.

O Malai Manso Resort, certificado pela ESG Pulse desde 2024, também apresentou seus resultados. “Conectamos as práticas sustentáveis ao planejamento estratégico, o que facilita a tomada de decisão”, afirmou Ícaro Chamon, gerente comercial do resort.

 

Sustentabilidade em prática na indústria e no turismo

No painel Sustentabilidade em Ação: Eficiência Energética e Compras Responsáveis, representantes da JBS e do Malai Manso apresentaram cases que demonstram como a sustentabilidade pode — e deve — ser incorporada às decisões estratégicas e operacionais do dia a dia. Camila Almeida, Coordenadora de Sustentabilidade e Mudanças Climáticas da JBS, detalhou o sistema de monitoramento de mais de 70 mil fornecedores, com cruzamento diário de dados ambientais e sociais, e o uso do Cowbot, ferramenta que analisa rapidamente a elegibilidade de produtores. Ela também destacou os escritórios verdes, hubs físicos e digitais que oferecem suporte técnico e jurídico para que produtores bloqueados possam se regularizar e retornar à cadeia. “Ser sustentável é também ser eficiente”, reforçou.

Mattheus Lima, gerente de infraestrutura do Malai Manso, compartilhou o case de energia solar do resort — hoje o maior parque solar do Mato Grosso. O investimento em placas fotovoltaicas gerou economia expressiva, maior engajamento da equipe e contribuiu para ampliar a consciência ambiental na região. “Cuidem da energia do Brasil. A gente precisa”, alertou Mattheus, ao destacar que iniciativas como essa fortalecem o compromisso da hotelaria com práticas de impacto positivo e visão de longo prazo.

 

ESG na prática: quando o território ensina

Ao final do segundo dia, os participantes embarcaram em um passeio de chalana pelo Lago do Manso — uma vivência simbólica de conexão com o território e com os valores do ESG. A paisagem preservada, a integração com a natureza e da água traduziram, de forma sensível, aquilo que o fórum se propõe a construir: práticas que unem consciência, emoção e ação. Para Marcelo Picka Van Roey, a consolidação da agenda ESG na entidade é fruto de uma visão de futuro:

“Foi com muito diálogo e convicção que instituímos o Fórum ESG como um compromisso permanente da Resorts Brasil. Essa pauta só faz sentido quando vivida — e o setor de resorts tem todas as condições para ser referência nesse caminho.”

 

Sebrae Mato Grosso reforça alinhamento com a Resorts Brasil e coloca soluções sustentáveis à disposição do setor

No terceiro e último dia, os participantes realizaram uma visita técnica ao Centro Sebrae de Sustentabilidade (CSS), em Cuiabá — referência nacional em soluções aplicadas à construção ecológica e impacto positivo nos negócios.

Conduzida por Elton Almeida, analista técnico da unidade, a visita apresentou iniciativas concretas de eficiência hídrica, energética e de gestão de resíduos.

“Quando respeitamos nosso bioma e usamos os recursos locais, geramos economia, reduzimos impacto e inspiramos outras pessoas a fazerem o mesmo”, afirmou Elton.

André Luiz Scheline, diretor técnico do Sebrae Mato Grosso, reforçou que apoiar a descarbonização das cadeias produtivas é um movimento estratégico: “Buscar selos ESG é agir no presente com foco no futuro. O Sebrae contribui com soluções práticas que fortalecem toda a cadeia de valor.”

Na ocasião, ele também destacou a relevância da aproximação com o setor de hospitalidade: “Foi uma grande satisfação receber o grupo da Resorts Brasil aqui no Sebrae Mato Grosso. A parceria com uma instituição que olha para o futuro com estratégia e responsabilidade nos permite somar esforços em torno de práticas que realmente causam impacto. A Resorts Brasil está inserida em um ecossistema que pode — e deve — liderar transformações, especialmente na agenda climática e na valorização de economias criativas locais. Colocamos à disposição o Centro Sebrae de Sustentabilidade, que completa 15 anos em 2025, e a nossa plataforma educacional, para que os resorts e suas cadeias de valor possam seguir avançando nessa jornada de descarbonização, boas práticas e conexão com o território.”

Ana Biselli, também ressaltou a importância simbólica e prática de encerrar o II Fórum ESG no Centro Sebrae de Sustentabilidade: “Foi muito especial ver, na prática, temas como eficiência energética e gestão de resíduos — que discutimos ao longo do fórum — sendo aplicados por uma organização com trajetória consolidada. A visita foi inspiradora para todos os participantes e reforçou o potencial de desenvolvermos projetos conjuntos com o Sebrae, especialmente voltados ao fortalecimento de fornecedores e produtores locais. Queremos seguir nessa construção, unindo forças em torno de uma agenda comum, social e ambiental.”

 

O propósito como eixo de inteligência estratégica

Ao conduzir o painel “Propósito e Estratégia de Sustentabilidade”, Ana Paula Arbache destacou que o verdadeiro valor do ESG nasce da convergência entre propósito, inteligência estratégica e comunicação coerente. Segundo ela, o propósito não pode ser apenas inspirador — precisa ser estruturado com base na realidade do setor, conectado à cultura organizacional e traduzido em ações concretas. “O propósito precisa estar na estratégia — e isso exige comunicação intencional, que ilumine valores e mobilize práticas.”

Ana Paula defendeu que lideranças visionárias devem alinhar metas, narrativas e impacto, reconhecendo que ESG já integra a lógica do mercado financeiro. Sustentabilidade, regeneração e resultados caminham juntos — mas só se tornam valor real quando sustentados por estratégia e consistência.

Premiada pela ONU como a única liderança da América Latina e Caribe reconhecida por aplicar os ODS em pequenas e médias empresas, Ana Paula reforçou que aculturar colaboradores, garantir coerência interna e engajar parceiros são condições essenciais para que o ESG deixe de ser apenas uma agenda e se torne modelo de negócio.

 

Sustentabilidade na Prática: ESG em Cada Detalhe do Evento

O II Fórum ESG Resorts Brasil foi também uma demonstração prática de compromisso com a sustentabilidade. O evento recebeu certificação de carbono neutro, com verificação independente da ESG Pulse, a partir do inventário e compensação das emissões pelo projeto Amazônia Brasileira REDD+, que protege áreas críticas do Bioma Amazônico.

A preocupação ambiental esteve presente em diversos detalhes: credenciais em papel semente, entrega do “Oswaldinho” – mascote da associação produzido pelo Instituto Arara Azul, com renda revertida à conservação – e conexão com o Santuário de Elefantes Brasil, único da América Latina.

No eixo social, o evento valorizou o trabalho da Fepoimt (Federação dos Povos e Organizações Indígenas de Mato Grosso), que apresentou uma mostra de artesanato indígena, gerando renda e visibilidade para as comunidades. O encerramento foi celebrado com um almoço no Mahalo Cozinha Criativa, da chef Ariani Malouf, valorizando a culinária e os ingredientes do Centro-Oeste.

“Estamos construindo um novo olhar para o setor, onde a sustentabilidade é parte do DNA da operação e não apenas um diferencial.”, finalizou Marcelo Picka Van Roey.

 

Sobre a Resorts Brasil

A Resorts Brasil é uma Associação que representa, desenvolve e promove os resorts brasileiros. Com 77 associados e uma forte presença em todo o país, ela busca impulsionar o setor de turismo nacional, ajudando a ampliar a empregabilidade de mão de obra de cada local e geração de renda, a estimular a educação turística e incentivar a sustentabilidade regional. A Resorts Brasil está comprometida nos próximos anos a desempenhar um papel transformador no turismo brasileiro, trabalhando com dedicação os temas de inovação e sustentabilidade que tornarão o setor cada vez mais atrativo e eficaz.

Divulgação: anagrama.com.br