Em expansão, a rede hoteleira enfrenta entraves com falta de mão de obra. Já a Amazonastur diz que possui um programa para qualificar o setor turístico local
Contrariando o empresariado hoteleiro, a Amazonastur, por meio de nota, reforçou que possui um Programa de Capacitação e Qualificação de mão de obra turística que consiste num conjunto de ações relativas à melhoria contínua das habilidades dos profissionais
A visão de negócio, Camila Gonçalves e Matheus Andrade começou bem distante de Manaus. Em 2012, os dois se conheceram durante uma pós-graduação em Gestão Hoteleira, em Canelas (RS): ele do Rio de Janeiro e ela, do Amazonas. Chegaram a conversar sobre os planos de montar um projeto na Amazônia, mas o diálogo não teve continuidade. Camila foi para a França, onde aperfeiçoou suas habilidades por meio de um estágio interdisciplinar; enquanto Matheus começou a trabalhar em uma famosa rede hoteleira no Brasil.
Dois anos se passaram e os amigos voltaram a se encontrar em 2014, em Manaus, já com a ideia fixa de iniciar um negócio próprio. Os sócios aproveitaram o boom da Copa do Mundo e dos jogos realizados na capital e empreenderam conhecimento e dinheiro para abrir o Local Hostel, no centro da cidade. “Naquela época, recebemos os hóspedes italianos, ingleses, americanos e suíços”, lembra Camila.
Esse exemplo dos amigos ilustra a expansão do mercado hoteleiro no Estado, apesar das dificuldades de mão de obra, incentivo e oferta de serviços aos hóspedes, como internet de qualidade. “Queremos levar a cultura de hostels para outros lugares, como Presidente Figueiredo (a 88 km de Manaus), mas o município sequer tem uma lavanderia como suporte para as nossas demandas de roupas de cama e banho”, observa Matheus Andrade.
Outro negócio que rapidamente alcançou números exponenciais na preferência dos hóspedes, o Cirandeira Bela, na estrada de Novo Airão, rodovia AM-352, é uma demonstração da escala ascendente do empreendedorismo em direção à Região Metropolitana de Manaus. O local surgiu como um balneário familiar, mas evoluiu para um hotel com atrativos naturais a poucos minutos de Manacapuru. “Nosso objetivo é o desligamento da metrópole para uma conexão direta com a natureza”, enfatiza o proprietário do hotel, Froylan Athayde.
No outro extremo, o Hotel da Margem, diversificou o ramo da hotelaria convencional ao transformar a propriedade em palco para a realização de grandes eventos e cerimoniais. Às margens do rio Negro, o empreendimento optou em hospedar, exclusivamente, os convidados das empresas que contratam a locação para cerimoniais e festas, especialmente de casamentos.
Local Hostel no interior
Os empresários Camila e Matheus inauguraram o Local Hostel em uma época que a cultura do compartilhamento de habitações em hotéis ainda não havia se consolidado em Manaus. Era tabu alguém se hospedar no mesmo apartamento com um desconhecido. “Mas, o conselho é que esse tipo de locação deve ser, antes de tudo, pesquisado e observar as avaliações”, dá a dica Camila. Superado esse fator, os sócios redirecionaram o foco para a construção de outra unidade, em Presidente Figueiredo, na Terra das Cachoeiras, porém os obstáculos se acentuam. “Esbarramos, por exemplo, na falta de mão de obra especializada local. A cidade sequer tem uma escola de inglês”, pondera Matheus Andrade.
Contrariando o empresariado hoteleiro, a Amazonastur, por meio de nota, reforçou que possui um Programa de Capacitação e Qualificação de mão de obra turística que consiste num conjunto de ações relativas à melhoria contínua das habilidades dos profissionais. “Até o presente momento, a Amazonastur já capacitou e qualificou 25 mil profissionais em mais de 25 municípios turísticos nas áreas de gastronomia, hotelaria, atendimento, idiomas, dentre outras”, diz um trecho da nota. O órgão afirma oferecer cursos para diversas áreas os quais vêm apresentando resultados importantes na mudança de comportamento da mão de obra turística.