A Rede Belmond, proprietária do Copacabana Palace, um dos hotéis mais importantes do Rio de Janeiro, foi vendida.
Acordo milionário foi anunciado nesta sexta-feira
O novo proprietário, que acaba de adquirir a empresa Britânica Belmond, é nada menos que Bernard Arnault, controlador do conglomerado francês LVMH Moët Hennessy, que possui o controle de marcas de alto luxo como a Louis Vuitton, Veuve Clicquot, Moët & Chandon e Fendi. A negociação foi na casa de 3,2 bilhões de dólares.
A venda do Copacabana Palace, cuja a história você pode ler no final desta matéria, mostra que os investidores estrangeiros estão de olho no Brasil , e em especial, no Rio de Janeiro. Outro sinal também é a recente possível venda de um galpão em Santa Teresa, por cerca de 1,5 milhão de reais.
Enquanto os investidores brasileiros fogem do mercado imobiliário, os estrangeiros estão fazendo a festa na cidade, investindo pesado pois sabem que o futuro do Rio é ainda mais brilhante como polo turístico, bem como a diferença de cambio – moeda, favorece a eles.
No Brasil a Rede Belmond também é proprietária do belíssimo Belmond Hotel das cataratas, em Foz de Iguaçu. E agora, será que os roupões do hotel e os baús terão as famosas iniciais LV?
O acordo deverá ser finalizado no primeiro semestre de 2019. Todas estas grandes operações, tem antes de passar pela aprovação de acionistas e agências reguladoras.
O hotel mais famoso do Brasil e um dos mais conhecidos do mundo fica na beira da praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. O Copacabana Palace não é só sinônimo de luxo e glamour, sendo um imóvel que hospeda muitas memórias da Cidade Maravilhosa.
O grupo francês já é dono do hotel Cheval Blanc, nos Alpes franceses, além da rede de hotéis Bvlgari. Com o acordo fechado no Brasil, a LVMH adquiriu não apenas o Copacabana Palace, mas também o Hotel Splendido, na Riviera Italiana, além do único hotel situado em Machu Picchu, no Peru.
Com as novas aquisições, os francês experimentam agora um rápido crescimento no setor de viagens. Também faz parte da transação a compra da FRHI Holdings pela AccorHotels (ACCP.PA), controladora dos hotéis Fairmont e Raffles.
A HISTÓRIA DO COPACABANA PALACE
O hotel mais famoso do Brasil e um dos mais conhecidos do mundo fica na beira da praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. O Copacabana Palace não é só sinônimo de luxo e glamour, sendo um imóvel que hospeda muitas memórias da Cidade Maravilhosa.
Copacabana Palace em 1923
Avenida Atlântica em frente ao Copacabana Palace na década de 30
Construído entre 1919 e 1923, o Copacabana Palace foi erguido a pedido do então presidente Epitácio Pessoa (1919-1922), que desejava que a cidade do Rio de Janeiro – capital do Brasil na época – tivesse um grande hotel turístico.
A fachada principal do Copacabana Palace
A intenção era um projeto que ficasse para os anos seguintes, mas o foco inicial para o Hotel era ajudar a hospedar o grande número de visitantes esperados para a Exposição do Centenário da Independência do Brasil, um evento de dimensões internacionais, realizado na esplanada do Castelo, em 1922.
Copacabana Palace cercado apenas por pequenas casas e mansões
O empresário Octávio Guinle chamou uma grande equipe para erguer seu hotel, que foi o primeiro grande edifício de Copacabana, cercado apenas por pequenas casas e mansões.
“Para liderar a equipe que construiu o Palace foram chamados o arquiteto francês Joseph Gire e o engenheiro César Melo e Cunha.
Gire se inspirou em dois famosos hotéis da Riviera Francesa: o Negresco, em Nice, e o Carlton, em Cannes.
César impôs o mármore de Carrara e cristais da Boêmia. Foi um projeto marcante para época, pois essa região da Zona Sul da cidade ainda era pouco habitada.
O Copacabana Palace mudou a estrutura social do bairro de Copacabana” conta o historiador Maurício Santos.
Contudo, os planos de inaugurar o Palace a tempo da Exposição do Centenário não lougraram êxito.
A importação de material acabou atrasando a obra, que só ficou pronta no dia 13 de agosto de 1923.
Cassino do Copacabana Palace
Esse atraso gerou uma polêmica. A área onde o hotel se encontra foi liberada por Epitácio Pessoa quando o mesmo era presidente. Epitácio queria o hotel pronto antes de 1922 (por conta da Exposição do Centenário) e em troca liberou que se fizesse um cassino no Palace.
Cartão de Natal do Copacabana Palace
Como não ficou pronto a tempo da Exposição do Centenário, o presidente Artur Bernardes (1922-1926) tentou caçar a permissão do cassino do Copacabana Palace. Mas ele perdeu na Justiça e essa área do Hotel ajudou a deixar o prédio ainda mais conhecido.
O Baile das Debutantes no Copacabana Palace
Após a Segunda Guerra Mundial, o presidente Eurico Gaspar Dutra proibiu o jogo no Brasil.
O cassino foi transformado em uma casa de espetáculos. Nessa mesma época, o Hotel passou por uma ampla reforma liderada pelo arquiteto Wladimir Alves de Sousa.
As décadas seguintes não foram de tanto glamour. A transferência da capital federal para Brasília, em 1960, e a construção de hotéis mais modernos na Zona Sul da cidade, deixaram as coisas mais complicadas no Palace.
A demolição do Hotel chegou até a ser cogitada em 1985.
Porém para nossa alegria e manutenção de nossa cultura, o Copacabana Palace tornou-se patrimônio histórico, sendo tombado nas esferas federais (IPHAN), estadual (INEPAC) e municipal (SEDREPAHC).
Quatro anos mais tarde, em 1989, a família Guinle, representada por José Eduardo Guinle, vendeu o Copacabana Palace ao grupo Orient-Express Hotels, que reabilitou o hotel, modernizando as antigas instalações sem descaracterizá-las.
Brigitte Bardot em 1963
“Dezenas de hóspedes famosos passaram pelo hotel nesses anos, de Carmen Miranda a Mick Jagger, de Ava Gardner à Princesa Diana. Também passaram pelo Copa nomes como Santos Dumont, Edith Piaf, Orson Welles, Walt Disney, Nat King Cole, Eisenhower, Charles de Gaulle, Clark Gable, Evita Perón, Rita Hayworth, Brigitte Bardot, o Barão de Rotschild, Rei George VI (pai da Rainha Elisabeth II), Thomas Mann, Marlene Dietrich, Jayne Mansfield, Anita Ekberg, Zsa Zsa Gabor, Kim Novac, Nelson Rockfeller, Rudolf Nureyev, Gina Lollobrigida, os reis Juan Carlos e Sofía da Espanha, Roman Polanski, Gisele Bündchen e tantos outros. O lendário playboy Jorginho Guinle, sobrinho de Octávio, exercia as funções de anfitrião e relações públicas do hotel no exterior” destaca Leonardo Ladeira na Coluna do Patrimônio histórico, do site Rio e Cultura.
Muitas histórias marcam a memória do Copacabana Palace. Entre elas estão Ella Fitzgerald e Louis Armstrong cantando nos salões do hotel, Janis Joplin nadando pelada na piscina, Rod Stewart destruindo parcialmente uma das suítes presidenciais ao fazer do espaço um campo de futebol, entre outras. Haja espaço para hospedar tantas lembranças.