Em defesa do turismo rodoviário

Manoel Cardoso Linhares

 

O setor de turismo se utiliza de vários modais de transporte para acontecer. Dependendo dos destinos a serem alcançados, os percursos podem ser feitos por via aérea, terrestre, ferroviária e/ou marítima. Cada um com suas características próprias, desempenham um papel diferente, porém, complementar no mercado de viagens.

O transporte rodoviário de passageiros, seja intermunicipal, interestadual ou internacional, emprega quase 200 mil trabalhadores em cerca de 8 mil empresas no país atualmente. De acordo com o Ministério do Turismo, o Brasil conta com 1,72 milhão de quilômetros de rodovias. O transporte de passageiros pelas estradas brasileiras é composto por duas atividades econômicas diferentes: o serviço regular de linhas e o transporte sob regime de fretamento. Juntos, são responsáveis por quase 20% do PIB do transporte nacional, segundo dados do IBGE.

É importante destacar a relevância do turismo rodoviário para o desenvolvimento de destinos turísticos, principalmente para aqueles próximos aos grandes centros e que não são atendidos pelo transporte aéreo. Nesse caso, o turismo rodoviário é essencial para complementar as viagens. Com isso, a modalidade vem ajudando a desenvolver economicamente diversas cidades com potencial turístico pelo país, gerando renda e emprego nessas localidades. Com boas estradas e serviços rodoviários de qualidade, além de menos burocracia, certamente, estimularemos o turista nacional e internacional a viajar mais dentro do Brasil, conhecendo novos lugares e aumentando seu tempo de permanência no país.

Com relação às leis que regem o setor, é precisar ressaltar a necessidade de atualizar o decreto nº 2.521, de 1998, para permitir que sejam realizados embarques em ônibus fretados não apenas no destino de origem. Com essa liberação, sem dúvida, ficará mais fácil a formação de grupos de excursão e passeios.

Para estimular o turismo rodoviário também é preciso que as políticas relativas ao setor tenham continuidade e a legislação seja constantemente atualizada, além da necessidade de uma maior união e interação dos agentes envolvidos na sua cadeia produtiva. O que temos hoje são leis ultrapassadas e que dificultam o trabalho das empresas do setor, aumentando seus custos e invibilizando investimentos.

Apenas para citar um caso emblemático, no feriado da Páscoa, a Avianca cancelou dois mil voos e as empresas de ônibus foram impedidas de transportar os passageiros, em função das exigências burocráticas relacionadas às normas de fretamento de veículos, entre elas a necessidade de uma prévia autorização ou licença da Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT.

Por fim, estamos vivendo um momento de profundas mudanças, onde podemos finalmente vislumbrar a possibilidade de destravar e estimular o setor de turismo no Brasil. Não pode nos faltar empenho em mostrar ao poder público a importância de mais incentivos para que as opções de viagens rodoviárias possam se expandir no país e assim serem mais uma ferramenta do crescimento do turismo brasileiro.

Manoel Cardoso Linhares – Presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis – ABIH Nacional

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