CNC: novo coronavírus começa a afetar confiança dos empresários do comércio

Icec de março é o maior desde 2012, mas sofre queda no comparativo mensal

A crise do novo coronavírus já afeta o otimismo dos empresários do comércio. É o que aponta o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) de março, apurado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O índice de 128,4 pontos é mais alto do que o registrado em março do ano passado e representa o maior patamar desde dezembro de 2012, mas mostra queda na comparação com o mês anterior (-0,2%).

“No período de coleta dos dados, ainda não havia eclodido a crise no Brasil. Mesmo assim, o impacto inicial já aparece na confiança. A proporção de comerciantes que avaliam as condições atuais da economia como melhores ainda está ancorada nas projeções de maior crescimento este ano, projeções estas que estão sendo revisadas em função da evolução do Covid-19.”, explica o presidente da CNC, José Roberto Tadros, lembrando que o desempenho positivo do comércio vinha injetando otimismo em relação ao desempenho do varejo no futuro.

Na categoria que mede a satisfação quanto às condições correntes, o subitem Índice de Condições Atuais do Empresário do Comércio (Icaec) mostrou crescimento na comparação mensal (+1,1%) e na comparação anual (+5,2%). Já no desempenho do subíndice Expectativas do Empresário do Comércio (IEEC), aparecem os primeiros efeitos da crise do novo coronavírus: as expectativas para os próximos meses são piores do que em fevereiro (-0,7%) e do que em relação a março de 2019 (-2,2%).

Em relação às intenções de investimento, o Índice de Investimento do Empresário do Comércio (IIEC) também registrou variação mensal negativa (-0,6%), com 106,9 pontos. Em relação a março de 2019, porém, houve aumento de 2,1%, apontando que, no período de apuração, os empresários ainda estavam mais dispostos a investir. Houve redução também na intenção de contratação de funcionários (123,9 pontos), -2,7% em relação a fevereiro. Em março, o percentual de comerciantes dispostos a aumentar o quadro de funcionários foi de 69,1% dos empresários, ante 74,1% em fevereiro e 72% em março do ano passado.

A economista da CNC Izis Ferreira, responsável pela pesquisa, diz que a queda do índice de confiança dos empresários do setor interrompe cinco meses consecutivos de alta. “Os índices ainda estão na zona de avaliação positiva, mas provavelmente haverá reversão nos próximos resultados da pesquisa, com a deterioração econômica. Com a inflação baixa, melhora nos indicadores de emprego e crédito mais favorável, a economia vinha se recuperando gradualmente, o que incentivava a confiança dos tomadores de decisão no comércio. A crise do novo coronavírus, contudo, começou a impactar o otimismo dos comerciantes, especialmente pelo canal das expectativas para o curto prazo, em que as perspectivas para economia, comércio e empresa reduziram-se na passagem mensal.”, aponta.

Acesse a análise, os gráficos e a série histórica da pesquisa.

Divulgação: CNC

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