Empreendimentos, profissionais e turistas têm usado da inovação para dar sobrevida ao setor
Há pouco mais de quatro meses, o turismo brasileiro viu seus índices, que até então estavam em constante crescimento, chegarem a quase zero. Hotéis atingiram seus menores índices de ocupação, agências de viagens tiveram mais de 50% de seus pacotes turísticos cancelados, entre outros setores que foram impactados negativamente pela pandemia do novo coronavírus. Com a nova realidade, muitos segmentos e profissionais tiveram que se reinventar e passaram a utilizar a tecnologia para dar sobrevivência aos seus negócios ou àquela vontade de conhecer novos lugares.
Como é o caso da dona de casa, Anna Ariel. Apaixonada por museus, ela viu na internet a possibilidade de visitar diversas exposições diretamente da sua residência. Porém, de acordo com Anna, ela não dispensará à ida aos locais quando voltarem a funcionar. “Devido à pandemia perdi a oportunidade de visitar pessoalmente alguns museus que tinha vontade de ir. Mas, com a disponibilização das mostras na internet passei a conhecer diversas exposições, que nem imaginava. É muito legal ter esse leque de opções a um clique da gente, pelo menos até que tudo se normalize”, disse.
Mas, não foi só a população que teve que recorrer às inovações tecnológicas para aproveitar os atrativos turísticos brasileiros. Alguns profissionais do setor também aderiram ao chamado “Turismo Virtual” para dar continuidade aos trabalhos e garantir uma renda nesse período.
O guia de turismo, Kadu Bueno, é um dos idealizadores da plataforma “Turismo Virtual no Brasil” que possibilita aos turistas conhecerem um pouco mais dos destinos brasileiros de forma online e com todas as informações que só um guia pode oferecer. Segundo Bueno, a ausência da atividade profissional fez com que outras opções fossem exploradas para dar sobrevida ao segmento. “Criamos naturalmente um ambiente colaborativo, com ideias de vários colegas de profissão que da noite pro dia se viram sem trabalho. Entramos em contato com guias do Brasil inteiro para fazerem a construção de roteiros. Hoje já temos mais 50 guias cadastrados e mais de 6 mil usuários que já fizeram, pelo menos, um dos nossos passeios”, disse.
Para os guias que quiserem aderir à plataforma, Kadu esclarece que é preciso seguir alguns critérios como estar regularizado no Cadastur, do Ministério do Turismo, e morar na cidade a qual deseja fazer o roteiro. A iniciativa que começou de forma despretensiosa já mostra o interesse de se expandir e proporcionar o seu uso para pessoas que não podem viajar e até mesmo para alunos de escolas públicas explorarem as diversidades do nosso país no aprendizado educacional.
INOVAÇÃO NO EMBARQUE – Quem também está aderindo às novas tecnologias para se adequar ao novo momento que o setor vive são as empresas aéreas. A Azul, por exemplo, adotou o chamado “Tapete Azul”: tecnologia pioneira no mundo de realidade aumentada que garante o distanciamento social entre os passageiros e dá mais comodidade, agilidade e conforto na hora do embarque. Segundo a companhia aérea, a inovação vem proporcionando uma diminuição de cerca de 25% no tempo em que uma pessoa leva entre embarcar e sentar dentro do avião.
Para o vice-presidente de Pessoas e Clientes da Azul, Jason Ward, as inovações tecnológicas serão essenciais para garantir o conforto e segurança dos passageiros. “O processo de embarque de uma aeronave possui regras e a necessidade de identificação dos Clientes para garantir a segurança. Essa tecnologia está nos ajudando a fazer isso com muito mais agilidade e segurança, especialmente neste período em que as pessoas precisam manter a distância uma das outras. Isso acontece porque o sistema chama de forma intercalada nossos Clientes a fazerem o embarque, tornando o processo mais fluido para quem está viajando”, concluiu.
WAKALUA – É atrás dessa e de outras inovações que o Ministério do Turismo lançou o 1º Desafio Brasileiro de Inovação em Turismo, em parceria com o Wakalua Innovation Hub – primeiro polo global de inovação em turismo e com a Organização Mundial do Turismo (OMT), agência da ONU dedicada ao setor. A competição inédita busca soluções para a retomada do turismo brasileiro através de projetos de base tecnológica que respondam tanto a necessidades imediatas do contexto pós-pandemia, quanto a desafios gerais do turismo brasileiro.
“As soluções tecnológicas e de inovação serão essenciais para ajudar o setor na retomada pós-pandemia e irão se somar às ações já desenvolvidas pelo governo federal”, disse. “Estamos certos de que o Brasil terá sucesso neste caminho”, destacou o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio.