“Sete Séculos de Vindimas” é nova assinatura dos vinhos Quinta do Gradil, que surge acompanhada de uma nova identidade.
A nova identidade viverá em todas as materializações da marca, tendo-se iniciado pela imagem de alguns vinhos e estender-se-á, até ao início do próximo ano, com o lançamento de vinhos das gamas superiores, um novo site e uma campanha de comunicação em redes sociais, televisão e outdoors.
Este rebranding surge integrado num forte investimento orientado para o futuro da empresa, mas que se iniciou com um levantamento histórico que inspirou todo o processo e protege, para memória futura, a secular ligação ao vinho da Quinta do Gradil. Da mesma forma, desvendou a relação da família dos marqueses de Pombal com a propriedade, uma vez que, até agora, pouco mais se sabia do que pedra de armas afixada no frontão da fachada principal, que atestava essa ligação.
Nova cave de barricas
Recorde-se que, em 2019, ano em que se completavam 20 anos sob a gestão de Luís Vieira, se deu início às obras da casa principal da propriedade, uma imponente construção arquitetónica eclética no estilo, tão ao gosto de meados de oitocentos. Reabilitado o edifício, que serve como estrutura base de iniciativas de enoturismo e outros eventos, seguir-se-á a construção de uma cave nova de barricas no piso térreo do palácio. “Sempre disse que o nosso desígnio era maior do que apenas produzir vinhos de qualidade”, refere Luís Vieira, administrador da Quinta do Gradil. “Há 20 anos, começámos por dar os primeiros passos no terreno, através da recuperação de vinhas antigas e da plantação de novas, bem como da criação de condições para ter uma boa adega e uma equipa profissional e ambiciosa. Hoje, sei que foi preciso percorrer este caminho, as bases estavam lançadas, mas a experiência veio com o tempo. E, com o tempo, tornámo-nos um produtor de excelência que contribui decisivamente para uma imagem renovada dos vinhos da região de Lisboa”, conclui o responsável da empresa.
Ligação aos marqueses de Pombal
A história da Quinta do Gradil reflete-se nos seus novos vinhos. “Os novos vinhos da Quinta do Gradil destacam-se por uma identidade muito própria, nascida em respeito pela expressão plena das castas, num contexto privilegiado de influência atlântica e orográfica da quinta”, refere Tiago Correia, enólogo da Quinta do Gradil.
As mais antigas referências à Quinta do Gradil remontam a 14 de fevereiro de 1492. No século XVI, era couto de caça da realeza, ali abundando uma vasta fauna. Naturalmente, aquelas terras sempre produziram uva e vinho, mas apenas no século XVII esta se tornou uma atividade económica determinante, sendo a cidade de Lisboa o principal destino da produção. No século XVIII, a importância e qualidade do vinho ali produzido eram de tal ordem que o concelho do Cadaval acabou por escapar ao arranque generalizado de vinhas determinado por D. José, para favorecer a cultura de cereais e, por outro lado, os interesses do Marquês de Pombal no Douro. Após muitas reclamações dos lavradores locais, uma vistoria de 1769 reconhecia que os solos do concelho eram muito mais apropriados à produção de bons vinhos do que de pão. E assim se salvaram as vinhas. O século XIX, seria marcado por Dona Maria do Carmo Romeiro da Fonseca. Herdou a Quinta da Gradil, adquirida por seu pai, construiu o imponente palácio amarelo e transformou a propriedade numa exploração agrícola modelo, onde o vinho tinha o papel principal. Curiosamente, a sua filha acabaria por casar com o futuro Marquês de Pombal, descendente do mesmo Sebastião José de Carvalho e Melo que um século antes tinha tentado arrancar as vinhas do Gradil. Hoje, é a sua pedra de armas que encima a fachada do palácio.
A quinta manteve-se nas mãos dos marqueses de Pombal ao longo de boa parte do século XX, até ser vendida, em 1963, a uma sociedade liderada por Isidoro Maria d’Oliveira, lavrador, homem de cultura e poeta. O vinho continuou a ser ali ator principal e a abastecer o cada vez maior mercado de Lisboa.
O século XXI é o século de Luís Vieira. Com uma história familiar ligada ao comércio de vinho, aprendeu com o avô António Gomes Vieira, conhecido por Ganita, todos os segredos do negócio. Líder da Parras Wines, um dos maiores grupos vinícolas de Portugal, Luís Vieira comprou a Quinta do Gradil em 1999, sabendo desde o início o que dela pretendia: torná-la no porta-estandarte da sua empresa. Para tal, apostou na total reabilitação da vinha, na construção de marcas de referência, no posicionamento num segmento superior e no desenvolvimento de uma estratégia integrada de enoturismo.