Revelação de 2020 na Grande Prova de Vinhos do Brasil, a Vinícola Araucária cria um inédito destino enoturístico na região metropolitana de Curitiba.
A coleção de medalhas impressiona. Foram seis ouros conquistados na Grande Prova de Vinhos do Brasil 2020. Das nove amostras enviadas pela Vinícola Araucária, quatro obtiveram 90 pontos, uma 92 e outra, 93. A nota mais alta foi para o Angustifólia Cabernet Sauvignon 2012, campeão de sua categoria. A consistência dos vinhos que produz em São José dos Pinhais (PR) garantiu à Araucária o título de vinícola revelação do evento organizado pelos especialistas Marcelo Copello e Sérgio Queiroz, no qual 29 jurados degustaram às cegas 1.309 amostras.
A consagração junto à crítica é fruto de um ideal acalentado há anos pelo empresário paranaense Renato Adur, de 74 anos. Depois de vender a editora de livros didáticos com a qual construíra um patrimônio confortável, ele passou a investir na criação de um complexo enoturístico na região metropolitana de Curitiba. Ali, uma propriedade familiar de 8,5 alqueires foi aos poucos sendo convertida em vinícola. Em 2007, com um grupo de sócios, o empresário iniciou o plantio de variedades viníferas. “Logo percebemos que as uvas tinham qualidade e que seria possível elaborar grandes vinhos nesse terroir”, afirmou Adur à DINHEIRO.
Por estar no entorno da Serra do Mar, a 950 metros de altitude e a pouco mais de 50 quilômetros do Oceano Atlântico, as condições climáticas poderiam ser adversas, com umidade em excesso e pouca maturação dos cachos. O que se observa, contudo, é a tipicidade de vinhos que expressam seu local de origem, sejam eles brancos, tintos ou espumantes. Para reforçar a identidade local, até as caixas usadas nas embalagens são feitas com lâminas de pinus plantados pelo próprio Adur em 1970.
FLORA, FAUNA E ARTE Enquanto a vinícola presta tributo à árvore símbolo do Paraná, o restaurante que faz parte do complexo enoturístico (que é também estância ambiental) foi batizado com o nome da ave que representa o estado, Gralha Azul. Além de celebrar a flora e a fauna, os sócios não se esqueceram da arte. Poty, o grande muralista paranaense, é homenageado na linha de espumantes cujos rótulos reproduzem suas obras.
Como a produção mal chega a 25 mil garrafas por ano, os vinhos só estão à venda na própria vinícola e em poucos restaurantes do entorno. Então, o melhor é ir até lá. Lagos, trilhas, mirantes e uma cachoeira tornam o passeio inesquecível. A hospedagem ainda se limita a quatro chalés de madeira em estilo polonês, típico da região. Em breve, uma parceria com uma rede hoteleira irá ampliar as acomodações. “Graças ao vinho, estamos transformando a experiência do turista”, disse Adur. E assim, criando um novo ícone.