A necessária atenção que vem sendo dada às melhores práticas ambientais, sociais e de governança – unidas na já bastante conhecida sigla ESG – passou a influenciar também a forma como viajamos. E os brasileiros lideram esse movimento. Segundo pesquisa realizada pelo Booking.com, 7 em cada 10 viajantes do país querem viajar de forma mais sustentável no futuro – só os colombianos nos superam.
Outro aspecto identificado pela pesquisa é quanto à consciência dos viajantes com relação ao futuro dos destinos visitados. Mais de 80% dos brasileiros consultados disseram esperar que seu dinheiro retorne em benefícios para a comunidade local ou que contribua para a preservação dessas regiões.
Todas essas expectativas têm o potencial de mexer com a indústria do turismo. Isso inclui companhias aéreas, que vêm encontrando maneiras de reduzir suas emissões de carbono, parques e museus, que estão optando por fontes renováveis de energia, e, claro, os meios de hospedagem. O setor de hospitalidade, em especial, tem uma grande tarefa pela frente, pois mantém um relacionamento próximo com os hóspedes ao longo de toda a viagem – e é observado bem de perto por eles.
No meu dia a dia na Harus, esse aumento na atenção dispensada ao tema é bastante perceptível. O número de estabelecimentos interessados em nossos amenities sustentáveis cresce anualmente – e essa alta foi ainda maior durante o período da pandemia. Exemplo disso é a linha exclusiva Alma Brasil, produzida com matérias-primas vegetais e ecologicamente corretas, que corresponde hoje a 40% de todas as nossas vendas.
Outro sucesso de procura recente são os dispensers, tendência internacional que vem ganhando espaço no mercado brasileiro por minimizar o desperdício e reduzir o impacto ambiental. Utilizados para álcool em gel, sabonete líquido, shampoo e condicionador, eles também garantem economia de custo entre 30% e 60% para os gestores.
Essa preocupação com a sustentabilidade de nossas operações e do setor de hospitalidade, aliás, faz parte do DNA da Harus. Fomos pioneiros ao lançar, em 2007, as embalagens de refil sachê, diminuindo o descarte de frascos.
Hoje todas as linhas que a Harus produz são vegetais, e nossas embalagens são biodegradáveis e têm o selo Plástico Verde.
E seguimos em busca de inovações constantes para continuar liderando esse movimento. Nos preparamos agora para lançar produtos plastic free, dando aos meios de hospedagem uma nova opção para reduzir ainda mais seu impacto ambiental.
Ampliar esforços
As ações do setor nesse sentido não devem, é claro, se limitar ao uso de amenities eco-friendly. Para se tornarem mais sustentáveis, os estabelecimentos podem, por exemplo, diminuir seu consumo de plástico e papel, reciclar o lixo, dar preferência a produtos de limpeza ecológicos e contribuir com a comunidade de seu entorno – como comprar alimentos frescos de pequenos agricultores da região.
E esse é só o começo; é possível ainda realizar a compostagem de material orgânico, aproveitar a água da chuva e instalar um sistema de energia solar. As oportunidades são inúmeras.
Na Harus, nos associamos ao projeto Dê a Mão para o Futuro (DAMF), que viabiliza a recuperação e reciclagem de embalagens pós-consumo, reduzindo o volume de materiais que seriam destinados aos aterros. Em paralelo, o programa investe em melhorar as condições de trabalho e a qualidade de vida dos catadores de materiais recicláveis.
É preciso que enxerguemos esses esforços não como gasto, mas como investimento. Além de contribuir para um mundo melhor, a sustentabilidade – quando bem implementada – também traz resultados financeiros. Eles vêm tanto de maneira direta (pela diminuição nos gastos com energia, por exemplo), como de maneira indireta, com o aumento da reputação do estabelecimento.
Afinal, está claro que os consumidores estão em busca de conexões que vão além do interesse comercial puro, querem enxergar nas empresas e produtos o comprometimento social – e a diferença que buscam fazer no mundo. Nesse contexto, minha aposta é que prosperarão os hotéis, pousadas e resorts que compartilham das mesmas preocupações.