Ex-executivos do Porcão e do Garcia & Rodrigues se unem para abrir rede de padarias
Batizada de JLIV Foods, a holding promete acirrar a concorrência no setor de alimentação destinado ao público das classes A e B
Paula Huven / Agência O Globo
RIO — Após deixarem a Brasil FoodService Group (BFG), dona do Porcão e do Garcia & Rodrigues, no ano passado, Lucas Zanchetta e o badalado chef francês Christophe Lidy decidiram se juntar em uma nova empreitada. Batizada de JLIV Foods, a holding promete acirrar a concorrência no setor de alimentação destinado ao público das classes A e B. Com plano de investimento de R$ 280 milhões até 2014 e promessa de geração de cerca de 450 empregos, o grupo vai atuar em duas áreas. A primeira será a de pães e cafés e a outra, de carnes.
De olho no número cada vez maior de brasileiros que se alimentam fora de casa, a JLIV se associou ainda a fundos de investimentos, que têm R$ 6 bilhões sob gestão atualmente. No quadro dos executivos, há ainda Alberto Pierotti, vice-presidente do grupo, que trabalhou no Garcia & Rodrigues há alguns anos. O plano de negócios, que começou a ser montado há seis meses, conta ainda com uma fábrica de pães. A unidade, cujas obras já começaram, está localizada no Alto da Boa Vista.
Figaro, uma homenagem ao jornal francês
— A fábrica de pães terá investimentos de R$ 2 milhões e vai contar com 40 funcionários. A ideia é fabricar os produtos que serão vendidos nas boulangeries (padarias, em francês) do grupo. O espaço também vai contar com um centro de formação para os funcionários — explica Zanchetta, ao lado de Pierotti.
As boulangeries se chamarão Figaro, misturando os serviços de padaria e cafeteria. Com investimento de R$ 30 milhões, serão 21 unidades até o primeiro semestre de 2013. Desse total, 15 serão apenas no Rio. O nome foi criado pelo próprio Lidy no início dos anos 90 em Búzios, na Região dos Lagos.
— Estamos comprando padarias já existentes em vários pontos do Rio. Além de ponto no Rio Sul, adquirimos outros no Fashion Mall, na Barra da Tijuca e na Avenida Ataulfo de Paiva, no Leblon. Em São Paulo, estaremos nos Jardins. Montamos esse plano de negócios em seis meses e as obras vão levar oito meses. Com isso, a ideia nessas boulangeries é ter produtos próprios — adianta Pierotti.
Criador do conceito do Garcia & Rodrigues, onde ficou por 14 anos, o chef Lidy diz que o projeto Figaro será idealizado agora na nova companhia:
— Agora, vou realizar esse projeto em uma nova empresa. Teremos opções de refeições também. Já temos um espaço funcionando no Rio Sul, que ganhará nova marca e conceito. O Figaro funcionou por sete anos em Búzios nos anos 90. O nome Figaro é uma alusão ao fato de o francês tomar café lendo o jornal mais famoso da França — revela Lidy.
A JLIV Foods já tem planos para fazer aquisições em breve. Segundo analistas de varejo, o setor de alimentação fora do lar cresce a passos largos. O segmento cresce em média 30% por ano, faturando R$ 217 bilhões. Hoje, 32% dos brasileiros comem na rua. O número é bem menor que os 60% dos americanos e 50% dos europeus. Antônio Cesar Carvalho de Oliveira, diretor da Acomp Consultoria e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), a concorrência no setor está cada vez mais acirrada.
— Há uma potencial de crescimento muito grande no mercado de refeições fora de casa. Com o avanço da economia nos últimos anos, o setor vem crescendo vigorosamente. E os restaurantes competem entre si, com padarias, fast food e churrascarias. E, por isso, chama a atenção de grupos internacionais. Prova disso é a venda da rede Fogo de Chão, que foi comprada por quase R$ 1 bilhão por um fundo de investimento dos Estados Unidos — lembra Oliveira.
Além das padarias, a JLIV também quer atuar na área de carnes. A empresa vai lançar a Boucher, que venderá pratos apenas com carnes, mas sem ser churrascaria ou “grill”. O investimento é de R$ 250 milhões. Para a empreitada, a empresa já comprou três espaços, na Barra, na Lagoa e em São Conrado.
— Queremos vender as mais variadas carnes vermelhas no espaço, que contará ainda com peixe e frango. Mas não será uma churrascaria. Vamos contratar um chef para comandar as criações, a exemplo do Christophe na Figaro. A ideia é abrir esses restaurantes até dezembro — afirma Zanchetta, lembrando que negocia a entrada de um novo sócio para a companhia, sem dar detalhes.
A empresa espera faturar R$ 140 milhões no seu primeiro ano de atuação. Número um pouco menor do que o do grupo de onde veio parte dos executivos, a BFG, que somou receita de R$ 150 milhões em 2011. Para 2012, diz o grupo dono do Porcão, a meta é crescer 35%. Em julho, a companhia vai abrir uma versão gourmet do Porcão na Gávea, no Jockey Club, e no Shopping Cittá América, onde funcionava o Hard Rock Café. Serão R$ 7 milhões em ambos os projetos. A churrascaria ganha ainda unidade no Leblon, onde funcionava o Garcia & Rodrigues.
Investimentos também no Sul do país
No segundo semestre serão outros R$ 21,5 milhões. Segundo a empresa, o Porcão vai abrir unidade em Florianópolis e Curitiba; e a versão gourmet da churrascaria, em Joinville, Blumenau, Balneário Camboriú e outra em Florianópolis.
Já o Garcia & Rodrigues chega também ao formato boulangerie no Shopping Leblon por R$ 1,5 milhão, e não no formato “brasserie”, com restaurante.
— Não existe nada de errado em ambas as redes seguirem caminhos semelhantes. Os envolvidos não tinham contrato de quarentena na BFG. E o Christophe Lindy já tinha um café antes de deixar o Garcia. Esse é o jogo hoje. O crescimento do mercado está aí —disse um executivo do setor.
Divulgação: Agência O Globo