Inaugurado em 1976 pela Varig e fechado desde 2019, o luxuoso complexo deve ser reinaugurado ainda neste ano
O Tropical Hotel, que por décadas foi o maior e mais luxuoso hotel de Manaus, ganhou recentemente uma nova data de reabertura: 31 de dezembro deste ano. Fechado desde 2019, quando faliu, o complexo foi leiloado no ano seguinte por R$ 91 milhões. A reforma começou em 2021.
Quando reaberto, o Tropical terá 580 quartos de diferentes categorias, academia, spa assinado, duas grandes piscinas, cinco restaurantes e um centro de convenções. Além de resgatar o luxo do empreendimento, a reforma também trará novidades, como uma marina e uma faixa de areia que formará uma praia nas margens do Rio Negro, um centro de acolhimento de animais silvestres e toda uma expografia espalhada pelo hotel, dedicada à sua memória.
O arrematante do complexo, responsável pela administração nessa nova fase, é o Grupo Fametro, um grande grupo educacional, dono do Centro Universitário Fametro. Reitora da faculdade, a advogada Maria do Carmo Seffair comanda o projeto junto com o empresário Wellington Lins de Albuquerque. Segundo eles, a reforma deve custar em torno de R$ 250 milhões.
“Quando arrematamos o hotel, achamos que podia ser o caso de um retrofit simples. Mas na hora que começamos as obras, vimos o tamanho do desastre. Descobrimos que seria preciso deixar o hotel só no osso, e o retrofit passou a ser uma grande obra de restauro arquitetônico”, relembra Seffair, que já anunciou a reinauguração do Tropical por duas vezes, em 2022 e 2023.
“A pandemia também nos fez atrasar, pois muitas fábricas passaram a pedir mais prazo do que o planejado inicialmente. Agora, estamos no processo da escolha da bandeira, que precisa trazer suas características para o projeto, e assim, conseguimos dar sequência às obras. O período mais complexo já passou”, explica a empresária. Segundo ela, o número de leitos que o Tropical disponibilizará deve dobrar a capacidade hoteleira que Manaus tem atualmente.
Inaugurado em 1976 às margens do rio Negro, onde hoje fica o bairro de Ponta Negra, o Tropical tinha mais de 600 quartos e, assim como o Hotel das Cataratas, de Foz do Iguaçu, fazia parte da grupo Varig. A partir dos anos 1980, a derrocada da companhia aérea levou consigo a era de ouro do hotel, que seguiu em operação – já com pouco ou nenhum glamour até 2019, acumulando dívidas que chegaram à casa dos R$ 20 milhões.
No auge, o Tropical tinha mais de 600 quartos, incluindo suítes presidenciais de 300 m² que hospedaram autoridades do Brasil e do exterior (entre eles, Bill Clinton e o então Príncipe Charles, do Reino Unido), artistas e personalidades como Glória Gaynor, a banda Scorpios e o Nobel de literatura Gabriel Garcia Marquez. Havia até um zoológico dentro do complexo, que até hoje, mesmo desativado, ainda abriga Manoel, a maior onça em cativeiro do país —um biólogo pago pela massa falida cuidou dela e de outros animais durante o período em que o hotel esteve fechado.