Por Geraldo Banas
Como um casamento, uma sociedade, muitas vezes, começa com entusiasmo e grandes expectativas – para acabar em brigas e processos judiciais. Por esse motivo, é importante saber o máximo possível sobre o parceiro em potencial, incluindo a forma como as suas finanças e vida familiar podem afetar o negócio, antes de assinar qualquer contrato.
Aqui estão algumas perguntas a se fazer antes de decidir se a sociedade é uma boa ideia:
O que eu preciso de um parceiro de negócios? – Você deve procurar um sócio que traga algo diferente do que você já tenha na empresa. Se você é criativo, talvez você precise de um parceiro mais detalhista. Se você tem dinheiro para investir, pode querer um parceiro com acesso a um mercado, ou com grandes conexões. Ou, se você é tímido, pode precisar de um bom “relações públicas” para equilibrar a equação. Se o potencial parceiro for igual a você, pode ser mais confortável, mas não é o que você precisa. Você precisa de alguém que complemente suas habilidades e personalidade.
Qual é a situação financeira do seu potencial parceiro? – É importante ter informações sobre a situação financeira e os compromissos da pessoa, antes de entrar em um empreendimento conjunto. Sei que é difícil perguntar a ele o quanto está gastando nas prestações do apartamento novo, ou quanto paga de pensão para a ex-esposa. Mas a administração de compromissos financeiros anteriores é uma boa maneira de conhecer as tendências do potencial sócio. Se ele tem grandes obrigações pendentes, e diz que pode resolver tudo com uma retirada de R$ 15 mil, esqueça, a bandeira vermelha está hasteada.
Qual a disponibilidade de tempo que ele tem para o trabalho? – Os sócios não precisam investir a mesma quantidade de tempo no empreendimento, mas é importante que estejam de acordo com os compromissos assumidos. Quantas horas por dia o seu parceiro esperar trabalhar no empreendimento? Isto atende às suas expectativas? É igualmente importante estipular as expectativas do seu parceiro em relação ao tempo que você vai colocar no trabalho. E aqui, aplica-se o velho ditado que diz: “é melhor prometer menos e entregar mais”.
O comprometimento do seu parceiro com o negócio é tão grande quanto o seu? – Não importa se é uma cafeteria ou um restaurante sofisticado, o comprometimento do parceiro de negócios tem que ser igual ao seu. A parceria – especialmente entre amigos – pode começar com muita diversão e emoção, mas num curto espaço de tempo, o trabalho do dia a dia traz todos à realidade. Se o parceiro não for tão comprometido com o negócio quanto você, fatalmente irá perder o entusiasmo, se tornar um peso e ser prejudicial ao empreendimento ao longo do tempo.
Há algo na vida pessoal do seu sócio potencial que pode tornar a sociedade algo secundário? – Se ele tem uma mulher grávida ou está cuidando do pai idoso, isto pode se tornar um motivo para se descuidar da sociedade. É por isso que você tem que ser friamente honesto quando pensar em formar uma parceria. Se ele está muito distraído por um problema de família ou ela não dá o suporte necessário, o negócio pode estar condenado desde o início.
Como ele lida com uma situação difícil? – É importante saber o que o seu futuro parceiro de negócios faria se fosse encostado contra a parede – e isso vai acontecer qualquer dia. A melhor maneira de descobrir é olhar o que ele fez em empreendimentos anteriores. Se não tinha dinheiro para a folha de pagamentos, por exemplo, ele fez a coisa certa e fez uma retirada da poupança, ou “emprestou” dinheiro a partir do cheque especial? Ou pagou os funcionários com atraso, ou ainda pior, não os pagou? Imagine algo ainda pior, como a sonegação dos impostos da folha ou do negócio? Tudo se resume a uma questão de caráter. Os impostos da folha de pagamento são uma obrigação federal. Se ele acha que isso é negociável, você pode apostar que sua sociedade também é.
Que perguntas ele tem a fazer a você? – Se um candidato a emprego não fizer quaisquer perguntas em uma entrevista, você estará menos propenso a contratá-lo, por causa da falta de interesse. O mesmo se aplica a um parceiro de negócios em potencial, que deveria querer saber sobre o seu caráter, confiabilidade e expectativas. É preciso que o sócio potencial faça as mesmas perguntas embaraçosas que você fizer a ele. Se ele evitar as perguntas mais difíceis ou mesmo disser que isso não importa realmente, pode significar duas coisas: suas expectativas são demasiado elevadas ou ele pode ser meio avoado. As coisas podem ficar bem no início, mas em um mês ou dois, ele pode querer mudar as coisas ou até mesmo sair do negócio.
Qual é a posição do parceiro na comunidade? – Muita gente parece boa no início, mas esta pode ser justamente sua maior habilidade. Uma vez que colocam o pé na porta, pode ser difícil tirá-los de dentro do seu restaurante. Converse com ex-empregados, colegas ou sócios do futuro parceiro para saber como ele é em termos profissionais e pessoais. Se você está procurando alguém com capital, verifique se ele tem realmente dinheiro. Às vezes, as pessoas dizem ter relacionamento com fulano ou sicrano, mas tudo não passa de um simples “bom dia” ou tapinha nas costas. A parceria de negócios não é um casamento, mas deve haver algum tipo de processo de “namoro” que é quando você vai verificar se o candidato é tudo o que diz ser.
Ele está disposto a colocar tudo por escrito? – Muitas parcerias são cimentadas com um aperto de mão, e esta é a melhor receita para o desastre. É crucial colocar qualquer acordo no papel – não só o que se espera de cada parceiro, mas as consequências se as expectativas não forem atendidas. Se alguém tem uma emergência familiar e desaparece nos primeiros seis meses da sociedade – mesmo que possa não ser por culpa própria – você ainda pretende dar a essa pessoa uma certa percentagem do seu negócio? Se o parceiro não está cumprindo com suas obrigações, você precisa ser capaz de tirá-lo sem destruir o restaurante. E, se isto estiver escrito num contrato, não há como discutir.
Será que você realmente precisa de um sócio? – Se você conseguir que alguém faça algo, sem que seja necessário lhe dar uma participação na sua empresa, é sempre melhor. As pessoas se amarram na ideia da necessidade de ter mais alguém como sócio, para dividir as tarefas e responsabilidades. No entanto, isto nem sempre é realmente positivo para o restaurante e para você. Às vezes você simplesmente precisa de alguém que toque a casa num dos turnos, cumpra suas obrigações e vá para casa. Se seu caixa está curto, e você não pode esperar que melhore para fazer a contratação, aceitar um parceiro pode ser a melhor opção. Mas se você pode simplesmente pagar alguém para exercer esta função, pense se esta não seria uma opção melhor do que admitir um sócio na empresa.
Finalmente…
O que acontece se não vocês não puderem resolver as divergências?
A maioria das pessoas não imagina que as coisas possam se complicar na gestão de um novo empreendimento, de modo que esta pergunta é provavelmente é a mais difícil de ser feita e que nunca é feita antes de começar a parceria. Tenha em mente que o melhor momento para resolver possíveis problemas com o seu parceiro sempre será no início das divergências, antes que as emoções tomem conta do ambiente. Sei que não é possível antecipar todos os potenciais problemas, mas um bom advogado pode ajudá-lo a prever alguns dos mais comuns e colocar tudo num quadro e buscar as soluções para cada um deles.
Boa sorte e bons negócios!!!
Fonte: Blog do Banas – http://www.unimarket.com.br