7 Incríveis Teorias sobre o Fundo das Garrafas de Vinho

por migracao

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Ao olharmos para o fundo de uma garrafa de vinho, podemos encontrar uma estranha concavidade em sua base, como se a mesma tivesse sido empurrada para dentro.


Este curioso buraco encontrado na maioria dos recipientes que carregam a bebida, faz muita gente se perguntar:


Por que as garrafas de vinho tem um fundo côncavo?
Garrafas com este fundo contém vinhos de melhor qualidade?
A profundidade deste buraco quer dizer alguma coisa?


Quando escrevi este artigo pela primeira vez, em junho de 2015, convidei muitos amigos do vinho para discutir o assunto através da página do Vida & Vinho no Facebook.


A discussão que durou quase uma semana inteira serviu como prova que confirma que cada teoria tem seus fiéis defensores e contestadores.


E com a colaboração dos amigos envolvidos nesta discussão, pude levantar valiosas informações que me ajudaram a realizar uma pesquisa mais profunda sobre o tema, o que me permitiu complementar e enriquecer o conteúdo que você verá a seguir.


Ao final da leitura, se você tiver alguma opinião a respeito deste assunto, te convido a entrar na discussão.


Basta escrever qual teoria você acredita ou contesta no campo de comentários no final da página, combinado?


Então, vamos às teorias:


1) Evitar Que as Garrafas Estourem



Foto: FeistyTortilla / CC BY-NC 2.0 / Modificado do original


Esta teoria diz que o fundo côncavo surgiu para tornar as garrafas de champagne e demais espumantes mais resistentes.


Os recipientes que carregam estes vinhos, sofrem uma grande pressão interna devido ao gás carbônico resultante da segunda fermentação da bebida.


E um fato curioso sobre o champagne, é que a pressão interna da sua garrafa é equivalente a de um pneu de caminhão.


Antigamente, estas garrafas não eram tão fortes como são hoje, e muitas estouravam no momento em que a rolha era colocada, ou mesmo após o arrolhamento, quando as mesmas descansavam nas caves dos produtores.


Portanto, esta teoria sugere que a concavidade ajuda a distribuir a pressão interna nas garrafas de espumantes, mas não explica porque os vinhos tintos, rosés e brancos também são comercializados em recipientes com o fundo no mesmo formato.


2) Facilitar o Manuseio ao Servir



Foto: PortoBay Events / CC BY-NC-ND 2.0


Esta teoria sugere que a única finalidade do fundo côncavo das garrafas é facilitar o seu manuseio, apoiando o polegar na concavidade ao servir a bebida.


Em uma conversa que tive com Mickael Devena, Presidente e Fundador da marca de champagnes Charles Legend, ele me disse acreditar nesta teoria, já que, em sua opinião, a teoria #1 já não é válida para os dias atuais, uma vez que as garrafas feitas para comportar o champagne e demais vinhos espumantes, são produzidas com material altamente resistente.


Particularmente acho esta forma de servir o vinho muito elegante, contudo, penso ser pouco segura, principalmente com a garrafa molhada ou quando a concavidade na base não é tão funda.


Alguns defensores desta teoria também dizem que, servir o vinho desta maneira, diminui o contato da mão com a garrafa, evitando o aumento da temperatura da bebida.


Mas a pergunta que fica é: a concavidade foi pensada inicialmente para este propósito?


Ou é mais um caso de uso percebido após o tal fundo côncavo ter sido inventado?


3) Empilhar as Garrafas Com Segurança



Esta teoria pode ser dividida em 2 versões:


a) Durante a Remuage – uma técnica da produção do champagne e alguns vinhos espumantes – as garrafas são colocadas de cabeça para baixo e, algumas vezes ao dia, são giradas para que os sedimentos resultantes da fermentação da bebida desçam até o gargalo para serem removidos.


O ato de girar a garrafa pode ser feita manualmente, mas alguns produtores utilizam uma espécie de gaiola chamada Gyropalette, que giram as garrafas mecanicamente, evitando o trabalho braçal.



Gyropalette em cave de produtores de espumantes. Foto: G.Garitan / CC BY 3.0 / Modificado do original


Segundo esta teoria, durante uma Remuage feita através das Gyropalettes, seria mais seguro empilhar estas garrafas, encaixando o gargalo de uma na concavidade da outra, reduzindo a movimentação dos frascos dentro das gaiolas.


Defensores desta teoria afirmam que a mesma pode ser encontrada no livro The Oxford Companion to Wine, escrito pela jornalista e crítica de vinho britânica Jancis Robinson.


b) A outra versão desta teoria, sugere que a concavidade serve para que qualquer vinho, espumante ou não, seja empilhado nas caves dos produtores da mesma forma citada acima (gargalo de uma na concavidade da outra) evitando o desmoronamento da pilha.


4) Atender aos Objetivos de Marketing



Segundo esta teoria, as pessoas costumam acreditar que produtos maiores e mais pesados são sinônimos de qualidade.


Então quanto mais funda a concavidade, mais alta a garrafa deve ser para comportar a quantidade exata da bebida (ml) descrita em seu rótulo.


E se a garrafa for maior, consequentemente será mais pesada.


Esta teoria pode ser sustentada por uma entrevista de Marcos Vian concedida à Revista Adega, onde o diretor da Associação Brasileira de Enologia explica que, no Brasil, esta percepção do consumidor é tão importante, que o peso das garrafas é levado em consideração pelos departamentos de marketing das vinícolas.


Será mesmo que este é o propósito?


Ou a concavidade das garrafas teria surgido antes mesmo dos departamentos de marketing?


5) Manter os Sedimentos no Fundo da Garrafa



Foto: Don Richards / CC BY 2.0 / Modificado do original


Alguns vinhos que ficaram guardados por muitos anos em adegas ou aqueles que não passaram por um processo de filtragem, podem acumular sedimentos nas garrafas que, mais tarde, precisam ser removidos através da decantação.


Estas pequenas borras que algumas pessoas pensam ser um defeito na bebida, são geralmente encontradas em vinhos tintos mais potentes e complexos, onde o produtor acredita que a bebida será beneficiada com a presença dos sedimentos, adquirindo mais sabor e maior potencial de guarda.


Portanto, a teoria sugere que o arco formado na parte interna das garrafas exerce uma força gravitacional que retém os sedimentos no fundo, evitando que eles se desloquem para o gargalo no momento em que o vinho for servido.


Mas assim como a teoria #1, esta também traz uma explicação que se refere apenas a um dos estilos de vinho, neste caso, os tintos.


Mas não explica porque os espumantes, rosés e brancos também são comercializados em garrafas com o fundo no mesmo formato.


6) Gelar a Bebida Mais Rápido



Defensores desta teoria sugerem que a base das garrafas tem este formato para permitir que uma quantidade maior de cubos de gelo entrem em sua concavidade, gelando a bebida mais depressa.


Desta maneira, pode ser que as garrafas se resfriem mais rápido, mas quão mais rápido?


E se pararmos para pensar, nem todos os vinhos são servidos em baldes com gelo. Aliás, em países mais frios da Europa, muitas vezes o vinho é servido em temperatura ambiente, então por que os produtores destes países fariam garrafas com este fundo?


Seria novamente mais um caso de uso percebido após o fundo côncavo ter sido inventado?


7) Deixar a Garrafa Mais Estável Quando Colocada em Pé



Na antiguidade as garrafas de vidro eram feitas artesanalmente através do sopro.


As pessoas responsáveis pela criação dos recipientes sopravam através de um cano uma ‘massa’ de vidro em brasa e, ao mesmo tempo, giravam este cano para conseguir o formato desejado na garrafa.



Técnica antiga de fabricação de garrafas de vidro através do sopro. Foto: SHA


Esta técnica fazia com que uma curvatura se formasse no fundo do recipiente, impedindo-o de manter-se totalmente estável quando colocado em pé.


Para solucionar o problema, estes profissionais encaixavam a base da garrafa numa ferramenta que diziam se chamar punt, que empurrava o fundo da garrafa para dentro.


Segundo alguns defensores desta teoria, a mesma foi citada pelo crítico, autor e historiador inglês Hugh Johnson em seu livro The Story of Wine.


Além de ser mencionada em um artigo da Wine Spectator, prestigiada revista norte-americana especializada em vinhos.


A teoria também pode ser sustentada por algumas fotos de garrafas antigas que mostrarei abaixo e que podem ser vistas com mais detalhes no site Historic Glass Bottle Identification, pertencente à Society for Historical Archaeology (SHA).


Segundo a SHA, os recipientes a seguir foram fabricados para comportar diferentes tipos de bebidas e medicamentos.


Dê uma olhada nestas garrafas:



Foto: SHA / Modificada do original


A primeira é uma garrafa de Licor Beneditino, uma bebida feita com uma grande variedade de ervas e especiarias. Acredita-se que os primeiros licores beneditinos tenham sido feitos por monges franceses durante o período do Renascimento.


A segunda, acredita-se que seja uma garrafa de refrigerante ou cerveja americana produzida entre os anos de 1820-1840 através da técnica do sopro.
frascos e garrafas de medicamentos antigas



Foto: SHA


Na imagem acima, garrafas de medicamentos datadas entre 1850-1860, encontradas em uma escavação feita no oeste dos Estados Unidos. Acredita-se que tenham sido utilizadas como utensílios padrão por farmacêuticos e produtores de remédios da época.


Conclusão


As fotos apresentadas na teoria #7 me fez pensar que, talvez, a concavidade tenha sido criada para solucionar um problema enfrentado por quem fabricava as garrafas, e não por quem produzia o vinho ou qualquer outra bebida.


E hoje são mantidos nos recipientes apenas por tradição.


Mas como disse anteriormente, cada teoria tem seus fiéis defensores e contestadores e não existe um consenso sobre o assunto.


O importante é termos em mente que a qualidade do vinho nada tem a ver com a presença ou tamanho da concavidade da garrafa.



Fonte:  Blog Vida e Vinho


http://vidaevinho.com/fundo-da-garrafa-de-vinho/

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