Com proibições de tráfego, turismo doméstico se torna tendência mundial em 2021

Com proibições de tráfego, turismo doméstico se torna tendência mundial em 2021

Turistas na Ponte dell’Accademia, em Veneza, Itália (Andrea Pattaro/AFP)

 

Passaportes de vacina e fronteiras fechadas para viajantes alteram a dinâmica do setor

O turismo doméstico se desenvolveu tanto na China quanto nos Estados Unidos e na Europa, devido ao fechamento das fronteiras durante a pandemia da Covid-19. Essa tendência pode moldar o futuro das viagens internacionais, que levarão mais tempo do que o esperado para se recuperar.

As chegadas de turistas internacionais despencaram 83% no primeiro trimestre de 2021, devido à manutenção das restrições generalizadas às viagens, de acordo com a Organização Mundial do Turismo (OMT). Com queda de 73% nas chegadas, 2020 foi considerado “o pior ano da história do setor”, segundo a entidade.

Impossibilitados de viajar para o exterior, os turistas permaneceram em seus países, muitas vezes incentivados pelos governos, que buscam apoiar a recuperação das economias locais.

Na China, “as gerações jovens há muito se reapropriaram da cultura chinesa, e há uma disposição do governo em repatriar dinheiro” do turismo, de acordo com a especialista em tendências socioculturais Cécile Poignant.

Com a pandemia, os chineses percorreram seu “extenso território”, “entre Tibete, Hainan, Sishuan, há muitos lugares interessantes para visitar”, e “as agências de viagens estão se desenvolvendo nesse sentido”, segundo ela.

Para impulsionar o turismo interno, o governo chinês autorizou, por exemplo, o “duty-free” em sua província insular de Hainan, uma iniciativa que faz sucesso entre os jovens com mais recursos.

Em um estudo no início do ano, que apontava que o mercado interno seria o motor da recuperação, a consultoria McKinsey destacou o “aumento da China”, que já recuperou “80% de sua atividade turística”, ressaltando uma “busca de destinos na natureza” entre os jovens clientes mais ricos.

 

“Fenômeno duradouro”

Nos Estados Unidos, os turistas locais representaram 95% da receita do turismo em 2020, 10 pontos a mais do que em 2019, de acordo com o World Trade and Tourism Council (WTTC), que reúne as principais operadoras de turismo.

Na Europa, as autoridades também incentivam as viagens locais, como na França, onde o governo fala em “verão azul, branco e vermelho”, ou em Luxemburgo, onde são distribuídos vales de compras. As viagens também serão intraeuropeias.

“O movimento real que observamos e que ainda vamos observar neste verão é a soma dos turismos domésticos. É um fenômeno duradouro”, afirma Sébastien Manceau, especialista em turismo da consultoria Roland Berger.

Em geral, 60% dos especialistas esperam um aumento do turismo internacional em 2022, de acordo com a OMT. Metade deles estima que não retornará aos níveis de 2019 antes de 2024. “Esta crise favoreceu muito o turismo doméstico”, confirma Didier Arino, chefe da consultoria Protourisme. Segundo ele, é algo “muito bom”.

“Não se pode querer reduzir o impacto do turismo no meio ambiente e não se alegrar com o desenvolvimento do turismo local, ou doméstico. A chegada de clientes estrangeiros é responsável por 70% das emissões de CO2 do turismo”, acrescenta.

“Fazer mercados domésticos durante dois verões deixa rastros, mas rastros positivos”, insiste Sébastien Manceau, para quem “a consideração com o meio ambiente é cada vez mais importante”.

De acordo com um estudo realizado por sua consultoria, 58% dos europeus levam critérios ecológicos em consideração na hora de organizar sua estada. “A crise da Covid-19 acelerou as transformações que estavam ocorrendo no setor de turismo: o que levaria cinco anos, ou mais, demorou apenas alguns meses”, completou Manceau.

AFP/Dom Total

Fonte: domtotal.com

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