Empresários do turismo criam alternativas para elevar o ânimo durante a pandemia

Vale do Café

 

No Vale do Café, RJ, colaboradores tem novas funções e opções de lazer para enfrentar o período sem turistas.

O turismo, que tem sido uma das áreas mais afetadas pelas políticas de prevenção ao COVID-19, encontrou na região Vale do Café, RJ, vasta gama de opções para frear o estresse psicológico causados pela monotonia e sensação de insegurança dos funcionários.

Quando a maioria dos empresários teve que parar por tempo indeterminado e assim rever seus custos, inclusive a possibilidade de manter seus colaboradores, a criatividade ganhou força, dando espaço para ideias e atividades para manter os ânimos elevados.

Ao invés de dar férias totais, alguns estabelecimentos, como o Hotel Santa Amália, em Vassouras, optaram pelo revezamento entre os funcionários. Com dias de folga intercalados, a maioria não deixa de ir ao hotel, mantendo a sensação de pertencimento e colaborando com ideias e soluções diárias.

“Eu percebi que para eles não era produtivo ficar direto em casa, e com o revezamento, eles puderam manter a motivação do dia a dia, executando algumas tarefas no hotel e trazendo ideias do que poderíamos fazer nesse período de folga. Muitos, por exemplo, sugeriram dedicar-se a outras atividades, como jardinagem ou organização de áreas que mereciam atenção e que nunca tínhamos tempo para fazer”, conta a proprietária, Ana Lúcia Furtado.

Na Fazenda União, em Rio das Flores, a gerente Camila Carrara trouxe uma opção aliada ao entretenimento. Para que não perdessem vínculo com o hotel, começou a promover a visita de algumas famílias à área de lazer, para que experimentassem um dia diferente. “Percebi que a liberação do trabalho mexeu com a autoestima de alguns deles, que confessaram estar desanimados com a situação. Disponibilizar as áreas livres do hotel para algumas famílias foi uma forma que encontrei de possibilitar momentos de descontração, para que pudessem esfriar a cabeça e se divertir”.

A hoteleira conta que parte da área verde do hotel também foi emprestada a alguns deles, para cultivo de pequenas culturas, possibilitando um ganho extra. Além disso, a situação também trouxe ideias para projetos futuros: “Como o município em que estamos é essencialmente agrícola, muitas famílias vivem do que produzem. Isso me deu a ideia de  montarmos uma pequena feira como parte da programação do hotel após o período de isolamento. Será uma atividade diferente para os hóspedes, que gostam de conhecer a produção local, e, para as famílias, que terão outra opção para escoamento dos produtos”.

A queda no movimento dos turistas também afetou a Florart – Associação de Artesãos de Manuel Duarte e Porto das Flores – que tinha a venda presencial como maior fonte de receita. As coordenadoras da Florart resolveram usar o período de baixa demanda e chamar associados para um trabalho voluntário em prol da comunidade através da confecção de máscaras de proteção. E a adesão foi imediata: o plano inicial era fazer 100 máscaras, mas já fizemos 235, que serão doadas a profissionais de saúde e famílias carentes.

“Enquanto adequamos nossos canais de venda digitais, resolvemos reunir os associados para trabalharmos em prol da comunidade. A Florart já nasceu com intuito de fortalecer o coletivo, portanto, a grande maioria aceitou participar da iniciativa, aproveitando o tempo maior de que estavam dispondo em casa. Também acredito que ajudar o próximo é terapêutico, faz bem ao espírito”, conta Lineia Paiva, uma das coordenadoras.

O Jardim Uaná Etê, localizado em Paulo de Frontin, criou uma forma de presentear trabalhadores que estão além dos limites da região. Foi criado o ingresso Gratidão, voltado a todos aqueles que atuam em atividades essenciais como hospitais, farmácias, supermercados, etc, e não puderam ficar em isolamento durante a pandemia. A eles, o Uaná Etê oferece ingresso gratuito ao jardim durante todo o mês de novembro.

“Mais de 800 pessoas já baixaram os ingressos gratuitos.  É uma forma de contribuir com os esforços daqueles que não puderam ficar em isolamento e seguiram trabalhando para que o restante de nós pudesse continuar vivendo bem.”, comenta Cristina Braga, diretora artística do jardim.

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