Padarias sofrem com “roubo” de mão de obra da construção, mas miram 10 mil contratações
Salário de padeiro chega a R$ 6 mil, mas falta de qualificação freia ingresso no mercado de SP
As padarias do Estado de São Paulo precisam de cerca de 10 mil padeiros, confeiteiros, pizzaiolos, balconistas e chapeiros, mas não encontram profissionais treinados para assumir essas vagas de emprego. A estimativa é do presidente do Sindipan (Sindicato das Indústrias de Panificação do Estado de São Paulo), Antero José Pereira.
A desculpa para deixar essas vagas ociosas não é salário, já que um confeiteiro ou padeiro tem salário inicial de R$ 2.800. A remuneração pode até dobrar se o profissional passar a coordenar os outros empregados.
O problema é a concorrência com a construção civil, explicou o presidente do sindicato na abertura da Fipan (Feira Internacional de Panificação, Confeitaria e Varejo Independente de Alimento) nesta terça-feira (17) em São Paulo.
— Ainda faltam 10 mil pessoas qualificadas para trabalhar nas padarias. Isso porque muito tem sido feito nos últimos anos para treinar mão de obra. E aconteceu um fenômeno: houve um boom muito grande na construção civil nos últimos anos. Por incrível que pareça, a construção civil nos rouba funcionários.
A principal razão que leva os funcionários para a construção civil e provoca esse apagão de mão de obra nas padarias é a jornada de trabalho, segundo Pereira.
— Não é que os empregados da construção ganham melhor que os nossos funcionários, mas eles trabalham de segunda à sexta-feira. Então, a panificação está perdendo empregos na construção civil.
Treino ganha jogo
Os donos de padaria reclamam que há poucas alternativas de qualificação profissional para os interessados em trabalhar na área. Por isso, o jeito é aproveitar o próprio quintal para treinar os funcionários, explica Pereira.
— As padarias estão treinando cada vez mais os próprios funcionários, justamente porque não estão encontrando gente qualificada. Então, o dono de padaria pega um ajudante de padeiro, por exemplo, manda ele fazer um curso rápido e ele se torna uma mão de obra razoável. Depois, acaba de formar dentro da padaria.
Qualificação
De olho nessa carência de mão de obra qualificada, o Sindipan fechou um convênio com o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) no ano passado para qualificar os funcionários das padarias. Mas o programa não deslanchou, de acordo com o presidente do sindicato.
— São 12 mil vagas para treinar padeiros. O programa está no ar, mas o funcionário não procura o treinamento. Precisamos saber o que está acontecendo de errado. É um curso gratuito de 20 horas e pode ser feito nas escolas do Senai ou no IDPC [Instituto do Desenvolvimento de Panificação e Confeitaria]. No interior, inclusive, é dado dentro das unidades móveis.
A qualificação de quem já está dentro das padarias seria o primeiro passo para suprir a falta de mão de obra qualificada nas padarias de São Paulo, segundo Pereira.
— Nossa intenção era treinar alguns padeiros para depois eles repassarem os conhecimentos e técnicas para outros ajudantes de dentro da padaria.
Serviço
IDPC — Instituto do Desenvolvimento de Panificação e Confeitaria
Endereço — rua Santo Amaro, 313 — Bela Vista — São Paulo
Contato — (11) 3113-0166
Mais informações — http://www.fundipan.org.br/asp/idpc.asp?men=2
Senai — Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
Endereço — avenida Paulista, 1313 — São Paulo
Contato — (11) 3528-2000
Mais informações — http://www.sp.senai.br/senaisp/
Fipan — Feira Internacional da Panificação, Confeitaria e do Varejo Independente de Alimentos
Local – Expo Center Norte
Endereço – Rua José Bernardo Pinto, 333 – Vila Guilherme – São Paulo (SP)
Quando – de terça-feira (17) a sexta-feira (20)
Horário – das 13h às 21h (até às 19h no dia 20)
Mais informações – http://www.fipan.com.br/