Miolo apresenta seus engenheiros agrônomos

 

Sim, o enólogo é o grande artista do vinho, mas existe um outro profissional que tem um papel insubstituível neste longo ciclo que começa no plantio e vai até a colheita da uva. Ao invés de taças, suas mãos sentem a terra, as folhas da videira, as bagas da uva, atuando em campo durante todo o ano. Enquanto isso, o enólogo, dono de fórmulas, rituais e termos específicos, se concentra na cantina. A verdade é que para se fazer um bom vinho é necessário uva sã e de qualidade, e para isso, o enólogo precisa do engenheiro agrônomo. No fim, eles formam a dupla perfeita e inseparável nesta jornada de transformar a uva em vinho e é na safra que seus ofícios que completam.

Na Miolo Wine Group, esta missão cabe a cerca de 20 profissionais, que driblam o tempo para dar conta de cuidar de 1.000 hectares de vinhedos nas quatro vinícolas: Miolo/Vale dos Vinhedos (Bento Gonçalves, RS), Seival (Campanha Meridional – Candiota, RS), Almadén (Campanha Central – Santana do Livramento, RS) e Terranova (Vale do São Francisco – Casa Nova, BA). Independentemente do terroir, há sempre um agrônomo de olho em cada planta, acompanhando dia a dia  a sua evolução. Na Miolo, esse processo tem ainda a participação ativa dos enólogos. “O vinhedo está na origem de nossa família. São quase 100 anos na viticultura antes de elaborarmos nosso primeiro vinho. Todo este cuidado com a terra e o cultivo está nas nossas raízes, na nossa história. E esta vocação, aliada a novas tecnologias, nos trouxe a convicção de que a qualidade da matéria-prima é essencial para se ter um vinho de qualidade. Foi isso que nos levou a investir em vinhedos próprios, nosso grande diferencial competitivo. Cuidamos de cada detalhe, do solo, da vinha, do sistema de condução. Temos uma lista de checagem que é seguida à risca e nos permite tomar decisões mais assertivas. O restante é com o clima”, destaca o diretor superintendente da empresa, enólogo Adriano Miolo. Assim, com a evolução da vitivinicultura brasileira, o protagonismo de agrônomos e enólogos se tornou ainda mais importante.

 

 

O nascimento de um gigante

Antes mesmo da criação da Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale), em 1995, a vinícola já compreendia que era necessário apostar num projeto de qualidade e que isso significava intervir no solo, nas mudas e no sistema de condução. Foi aí que o enólogo Adriano Miolo, procurou o engenheiro agrônomo Ciro Pavan, que continua prestando consultoria para a empresa, mas que ao longo desses anos ajudou a formar muitos outros técnicos para dar conta de zelar por este patrimônio vivo. “Todo esse trabalho, iniciado em 1998 com a Miolo, fez nascer o conceito de vinícola que temos hoje no Brasil. Trabalhamos muito forte. A Miolo tinha pressa e ao mesmo tempo uma exigência sem limite”, lembra Pavan.

Depois de um profundo trabalho no solo, as mudas importadas certificadas da França, África do Sul, Itália e Espanha, passaram a ocupar as propriedades da Miolo. O que era latada virou espaldeira, numa grande operação de reconversão dos vinhedos. E o mais transformador de tudo: reduzir a carga das plantas, o que na época, para muitos, chegava a ser uma afronta. Tudo isso porque a Miolo, após muitos estudos e consultorias, descobriu que a grande produtividade havia esgotado tanto a vinha quanto o solo já empobrecido. Chegava-se a colher 30 quilos por planta. “As críticas vinham de todos os lados, mas a Miolo seguiu firme. E esta foi a semente definitiva para a grande mudança e colheita que estava por vir”, garante Pavan.

Superado o primeiro e grande desafio, veio o segundo, ainda mais intenso e responsável por ditar uma rotina, no vinhedo e na cantina, que a Miolo segue até hoje. Foi quando, em 2003, a empresa firmou parceria com o enólogo francês Michel Rolland e, com ele, a vinícola se firmou no mercado mundial de vinhos finos. Entre tantos procedimentos, um deles foi estabelecer quatro ações de campo com a equipe técnica, que em determinados meses do ano trocava as salas pelos vinhedos para a prévia tomada de decisões.

A primeira antes da poda de inverno, a segunda às vésperas da poda verde, a terceira já quando a baga está formada e a última no início da maturação. Este ritual nos vinhedos da Miolo se repete todos os anos, unindo agrônomos e enólogos, sempre com o acompanhamento de Adriano. A valorização da equipe técnico é levada muito a sério. Tanto que a gerência operacional das vinícolas Seival, Almadén e Terranova é ocupada por engenheiros agrônomos e a da Miolo por um enólogo, para conduzir as rígidas normas de vinificação diante da Denominação de Origem Vale dos Vinhedos (DOVV).

 

 

As regiões gaúchas

No Vale dos Vinhedos, a supervisão da viticultura cabe ao técnico agrícola, Jonatas Pedrotti, prestes a se formar agrônomo, sempre acompanhado de perto pelo sócio fundador, Paulo Miolo. Há três anos na vinícola, Pedrotti comemora o início da Safra 2021, confirmando uma qualidade que supera a do ano passado em relação às uvas precoces utilizadas na elaboração do vinho base para espumante. Mesmo assim, o clima continua sendo o grande desafio da vitivinicultura na região. “Superamos os limites tecnológicos, mas com o clima ainda somos reféns. Também precisamos trabalhar na qualificação da mão-de-obra, um trabalho minucioso e que requer dedicação a cada safra”, ressalta. Pedrotti conta, integralmente, com a experiência do enólogo Gilberto Simonaggio.

Já o engenheiro agrônomo, Fabrício Domingues, que tem a missão de cuidar do maior e mais antigo vinhedo de <em>vitis vinífera</em> do Brasil, na Vinícola Almadén, com 450 hectares, em Santana do Livramento (Campanha Gaúcha), destaca que as previsões para este ano são muito boas. “Temos uma grande experiência nesse vinhedo, adquirida ao longo do tempo, mas posso dizer que nos últimos quatro anos atingimos a qualidade e produtividade desejada. Tudo indica que teremos mais uma safra capaz de originar grandes vinhos.”

Ele começou a trabalhar na Miolo como estagiário e hoje é o gerente da unidade, estando em sua 22ª safra na empresa. Comungando da mesma avaliação de Pedrotti, ele acredita que o grande desafio continua sendo as condições climáticas. “O clima é quem manda. Hoje, conseguimos driblar muitos contratempos, garantindo safras de qualidade, munidos do que há de melhor em tecnologia no campo e na vinícola”, salienta. Uma particularidade desta região, comparada a um sítio arqueológico da vinha, é que diante do seu tamanho físico e histórico, é possível testar e fazer e descobrir diversas variedades. Essas experiências, Domingues compartilha com o enólogo Daniel Alonso.

Vivendo sua sétima safra na Miolo, o engenheiro agrônomo Alécio Demori, fala com orgulho da responsabilidade que é estar atuando na unidade do Seival, propriedade de onde saem alguns dos grandes vinhos tintos da marca da Miolo, como é o caso do Sesmarias e do Quinta do Seival, assim como o Miolo Wild Gamay, por exemplo. “O nível de exigência é altíssimo. As uvas aqui cultivadas originam, inclusive, os vinhos Reserva. Na Miolo se prima por processos naturais e, sendo assim, as uvas precisam atingir a maturação ideal e a área é muito grande. O trabalho é imenso e também exige gestão de pessoas, um grande desafio”, revela. Com ritmo acelerado, comum em toda safra, Demori acrescenta que neste período divide responsabilidades com o enólogo Miguel Almeida, o que lhe permite dedicar-se dedicar exclusivamente ao vinhedo.

 

 

O homem senhor do tempo

Diferente do Rio Grande do Sul, o Vale do São Francisco é a única região do mundo onde são realizadas duas safras de uva por ano. Lá, onde o clima é semi-árido, as condições são totalmente diversas e os desafios, maiores. Isso porque é preciso irrigar, adubar e nutrir, tudo ao mesmo tempo. Por isso, as pessoas que trabalham no campo no Vale do São Francisco, tornam-se especialistas em alguma função, ao contrário de outros terroirs, onde a tarefa obedece a estação do ano e, consequentemente, o ciclo da videira. Ou seja, na Bahia, quem trabalha na poda, faz isso o ano inteiro.

Segundo o gerente da Vinícola Terranova, unidade da Miolo Wine Group em Casa Nova (BA), engenheiro agrônomo Adauto Quirino Júnior, no Nordeste quem determina quando deve acontecer a colheita da uva é o homem. “Aqui colhemos em 10 dos 12 meses do ano, assim como podamos, irrigamos e adubamos. Isso porque controlamos com tecnologia de irrigação quando a videira deve brotar. Num mesmo dia, temos diferentes estágios. Podemos estar fazendo a colheita num vinhedo, enquanto em outro estamos podando, por exemplo”, explica.

Adauto conta ainda que a Safra 2020 só vai terminar em abril, o que eles chamam de segundo ciclo. A colheita de 2021 vai começar em maio. “Apenas temos uma brecha em fevereiro e outra em julho”, ressalta. Com mais da metade da colheita mecanizada, a Vinícola Terranova ainda gera de 110 a 130 empregos durante todo o ano, pois lá não existe a sazonalidade do Sul. Destes, cerca de 80 atuam na roça. São 200 hectares de vinhedos próprios.

Enfim, a Safra 2021 está aí e Pedrotti, Domingues, Demori e Quirino estão em sintonia com seus vinhedos para entregar aos enólogos Simonaggio, Alonso, Almeida e Teixeira as melhores uvas que puderem. Mas esta é outra história que contaremos depois.

 

Engenheiro Agrônomo e Enólogo

Vale dos Vinhedos (Bento Gonçalves/RS): Jonatas Pedrotti e Gilberto Simonaggio

Almadén (Santana do Livramento/RS): Fabrício Domingues e Daniel Alonso

Seival (Candiota/RS): Alécio Demori e Miguel Ângelo Vicente Almeida

Terranova (Casa Nova/BA): Adauto Quirino Júnior e Eloíza Teixeira

 

Fotos: Rodinaldo Goularte / Dilvulgação Miolo

Divulgação: Conceito.com

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