O Momotaro de Adriano Kanashiro apresenta gastronomia criativa e contemporânea e supremacia profissional
Por Glaucia Balbachan
Muito além do sushi e do sashimi
Já faz um tempo que a culinária japonesa conquistou adeptos – em especial os paulistanos, com seus pratos coloridos, saudáveis e apetitosos. Hoje em dia o que é oferecido em termos de serviços de culinária oriental – começa com os tradicionais restaurantes à la carte, em seguida os populares rodízios, que somam 90% das casas, depois as temakerias e por fim, os restaurantes de fast food em shopping centers. Mas o que se sabe é que é uma gastronomia que se come com os olhos. E também é uma culinária que não se engana, principalmente pela matéria-prima e seus temperos. Cada tipo de peixe, cada vegetal, tudo é trabalhado com muita atenção e primor. Todos os detalhes minuciosos formam a apresentação singular dos pratos.
Em plena Diogo Jacome, no bairro elegante da Vila Nova Conceição – encontramos um legítimo japonês cheio de charme, cultura e irreverência gastronômica para oferecer. Aberto desde dezembro de 2011, o chef Adriano Kanashiro segue com sucesso sem errar a mão.
O conceito do local é de um restaurante com espírito de izakaya (boteco de japonês). Em São Paulo é possível encontrar uns cinco desses botequins por aqui – mas todos seguem uma linha bastante tradicional. Normalmente são pequenos, simples e rústicos – é normalmente um local onde se encontra saquê e cerveja para acompanhar porções de tira-gosto japonês. Em média a faixa etária dos clientes é de adultos e pessoas de meia idade.
No Momotaro o que enaltece sua gastronomia são as porções coloridas e inusitadas com toque de mestre – a decoração recebeu nova roupagem sofisticada aos izakayas clássicos. É possível encontrar pequenos detalhes de bom gosto em todos os cantos do restaurante. A casa é composta por quatro espaços distintos, sendo o salão da frente com luz natural, depois o lounge na entrada com a parede de pedra, mais a frente o salão principal com sofás confortáveis em capitonê com luz baixa sobre as mesas e o terceiro espaço com teto retrátil em conjunto com o disputado balcão, onde é possível ver o chef e sua equipe trabalhar. A decoração é discreta e contemporânea – com riqueza de detalhes que não passam despercebidas aos olhos, tais como os jogos americanos sobre as mesas, piso de madeira, os delicados vasinhos de flor, o jardim vertical e gravuras em 3D com carpas na tela. Quem assina o projeto arquitetônico da casa é Roberto Kubota.
O perfil de público que costuma ocupar as mesas do Momorato é eclético, inclusive são clientes antigos de outros restaurantes em que Kanashiro já chefiou. No geral a casa recebe jovens, grupo de amigos e casais. A proposta do restaurante é de compartilhar a comida na mesa entre amigos – sempre em porções com porções diferente. Quem for ao Momotaro com a ideia de encontrar sushis e sashimis convencionais, vai se surpreender ao abrir o menu – tudo é bem novo e inventivo e a intenção é de oferecer algo diferente, divertido, com cor e sabor impar.
Devoto e apaixonado pela gastronomia, Adriano Kanashiro está envolvido com a cozinha desde que se conhece por gente – sua mãe foi sua grande inspiração. “Meus pais tinham comércio e restaurante em Londrina. Sempre fui muito ligado à cozinha desde pequeno. Ajudava muito a minha mãe – e acabei pegando gosto pela profissão por causa dela, que era cozinheira de mão cheia”, conta o chef do Momotaro. Adriano tem uma história antiga com a gastronomia, que vai desde o extinto By Aoyama na Mário Ferraz e no Kinu – dentro do Grand Hyatt – de lá trabalhava sem parar fazendo seus testes. Entre 2007 e 2008 foi ao Japão e passou uma temporada lá e visitando alguns izakayas achou que o estilo de trabalho e gastronomia poderia dar certo no Brasil – sem sushis ou sashimis tradicionais no cardápio, tudo seria transformado em porções.
O nome momotaro vem do tomate japonês que está pouco tempo sendo comercializado no Brasil – tem quase zero acidez e que na maioria de seus pratos é um ingrediente surpresa. No processo de criação para chegar ao resultado de seu menu – Kanashiro lê, pesquisa, come em restaurantes, e conta que tudo ajuda na hora de produzir. “O tipo de trabalho que faço é e sempre será um laboratório pra mim. São tentativas onde hoje se erra menos e se acerta mais. O processo é contínuo e se aprende o tempo todo. O importante é balancear e adquirir maturidade e experiência gastronômica. Chega um momento em que se tem tanta certeza, porque se trabalhou tanto em determinada matéria-prima, que não há erros”. Menciona Kanashiro.
O menu da casa é sortido e vai direto ao ponto. Por sugestão do chef começamos com o inusitado salmão tataki – (salmão selado com molho de limão, ovas de salmão e pérolas de shoyo). De apresentação impecável, a porção é supersaborosa, equilíbrada nas cores e quanto ao shoyo é completamente dis-pen-sá-vel, (R$ 27,00). Em seguida, nos veio à mesa o Battera (sushi prensado) – de buri com shirauo e olho de boi – filhote de peixe prata, R$ 33,00. Além de apetitosa é uma porção para se comer com os olhos. De textura macia é um prato delicado e colorido. De sobremesa fomos de Momotaro – creme de maracujá, mascarpone, tofu e momorato confitado, R$ 12,00. Casamento perfeito entre os ingredientes. De textura e consistência cremosas, o açúcar está no ponto certo, o tomate tem gosto de goiabada e as sementes do fruto ficam delicadamente sobre a sobremesa. Um deleite! E outra dica é conhecer a adega sortida com mais de 40 rótulos de saquê para acompanhar com as porções.
Gastronomia segura, criativa e experiente, bom custo benefício, calorosa acolhida, atmosfera charmosa do e sabor impar. Voltaremos com fome!
Serviço:
Momotaro Restaurante
Rua Diogo Jacome, 591 – Vila Nova Conceição/SP
Tel: (11) 3842-5590
www.restaurantemomotaro.com.br
Fotos: Márcio Palermo (Estúdio Pavão)
Bruno Pavão – www.brunopavao.com.br
http://pavaophoto.wordpress.com