Os portugueses querem conquistar o Brasil de novo. Dessa vez, com o vinho

vinho portugal

 

Com o enoturismo prejudicado por conta do coronavírus, vinícolas portuguesas erguem suas velas para aumentar sua participação no exterior. E o Brasil é fundamental nessa estratégia

O fado, os pastéis de Belém e o vinho. Quem visita Portugal, em geral, não deixa de ouvir e experimentar esses três “produtos” que fazem parte da essência da alma portuguesa.

Mas com o turismo, que representa 14% da economia do país, prejudicado por conta da coronavírus, os portugueses estão erguendo as velas de suas caravelas para conquistar novos territórios e aumentar a sua presença naqueles em que está presente.

E o Brasil, mais uma vez, é fundamental nessa estratégia das vinícolas portuguesas. Não que o País não fosse importante. Ao contrário. Mas, cada vez mais, o Brasil está se tornando um “porto” relevante para as vinícolas portuguesas.

Uma análise do ranking dos países que mais compram vinhos portugueses mostra a importância crescente do Brasil. Em 2015, o País ocupava o nono lugar entre os países que importavam vinhos de Portugal, segundo dados da Ideal Consultoria.

Mas, desde 2018, o Brasil passou a ocupar a quarta posição e vem subindo em volume de garrafas importadas. Naquele ano, por exemplo, o Brasil era responsável por 6% do total de vinhos exportados por Portugal. Em 2019, passou para 7%. A líder França se manteve, nestes dois anos, com 14% deste total.

Do lado da balança de importação brasileira, Portugal também vem aumentando sua participação. No ano passado, o país ultrapassou a Argentina e chegou ao segundo lugar deste ranking.

Neste ano, o país consolidou-se no segundo lugar, com cerca de 18% do mercado entre os países que vendem para o Brasil. O líder é o Chile, com 40% dos importados.

Agora, as vinícolas portuguesas começam uma nova ofensiva para consolidar sua posição e ganhar mais participação de mercado  no Brasil. É prevista uma avalanche de promoções e degustações virtuais de vinho português no Brasil entre 23 de outubro e 1 de novembro.

A maior dessas ações acontecerá em parceria com a Abras, a associação dos supermercadistas, que soma 96 mil pontos de venda no Brasil. “A adesão dos supermercadistas ao evento está muito alta”, afirma o especialista Carlos Cabral, que presta consultoria para o evento.

Batizado de Festival Vinhos de Portugal, a ação prevê descontos, muita divulgação dos vinhos da terrinha e a importação de novos rótulos para o Brasil. Para essa ação, a ViniPortugal, entidade que representa as vinícolas do país, catalogou 150 vinícolas interessadas em entrar no mercado brasileiro e disponibilizou esses contatos para os supermercados, pensando na importação direta.

A ideia é que cada supermercado participante promova esses vinhos com banners, descontos e degustações. Os vendedores das lojas serão treinados, em aulas online, para explicar os vinhos portugueses para os consumidores.

No total, a ViniPortugal vai investir 500 mil euros nesta ação. A maior parte da verba é de recursos que seriam utilizados pelas comissões vitivinícolas de cada região produtora de Portugal para promover o vinho no Brasil ao longo de todo este ano.

Até a chegada do Covid-19, essa verba era utilizada em viagens de produtores para o Brasil e em eventos de degustações presenciais pelo país. Com a pandemia, os recursos foram direcionados para os supermercados, que são responsáveis por 70% da venda dos vinhos portugueses no Brasil.

A segunda ação, também patrocinada pela ViniPortugal, foi transformar em online a grande degustação que o jornal português O Público faz anualmente em parceria com os brasileiros O Globo e Valor Econômico.

Para compensar a ausência dos produtores portugueses no Rio de Janeiro e em São Paulo, foram gravados vários vídeos das vinícolas participantes e as degustações serão todas online. O evento acontecerá no fim de semana de 23 de outubro.

Além das duas ações, há ainda um curso de vinho online e muitos posts em mídias sociais, somando um investimento total de 700 mil euros. “Brasil, Estados Unidos, China e Canadá são os mercados prioritários para o vinho de Portugal. Juntos, recebem 60% da nossa verba de promoção”, afirma Sónia Vieira, diretora de marketing da ViniPortugal.

Desde de 2017, os investimentos anuais da ViniPortugal superam os 500 mil euros no Brasil. Até a pandemia, Portugal era o país que mais promovia degustações no Brasil, pois uma das maneiras de trazer o consumidor ao vinho é fazê-lo provar a bebida. “Nosso objetivo é ampliar a presença dos vinhos portugueses, mas crescer também em valor”, afirma Sónia. E acrescenta: “Podemos crescer devagar, mas sem sacrificar o valor dos vinhos”.

Em abril desde ano, o preço médio do vinho português exportado para o Brasil, sem incluir o valor dos impostos, estava em 2,91 euros o litro do vinho, segundo acompanhamento da própria ViniPortugal. No consolidado de 2019, o preço médio era de 2,75 euros por litro de vinho.

O montante ainda é pequeno se comparado com o valor dos Estados Unidos, outro mercado potencial para Portugal. Em abril (dado mais atual disponível), estava em 3,53 euros por litro o preço dos rótulos exportados para a terra do Tio Sam.

Fonte: NeoFeed

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