Economia atual favorável, Copa do Mundo, Black Friday e Natal levam confiança dos varejistas ao maior nível desde 2011
O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) avançou pelo segundo mês consecutivo, com alta de 0,8% em novembro, considerando o reajuste sazonal. Na comparação com 2021, o aumento foi ainda mais expressivo, de 10,9%. O indicador, que chegou a 131,9 pontos, é o maior da série histórica, iniciada em 2011. O Icec é apurado mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Tanto no comparativo com o mês anterior quanto em relação a novembro de 2021, o destaque foi a avaliação da condição do desempenho atual da economia (em que o otimismo aumentou 4,8% e 33,8%, respectivamente), com a maior pontuação, 109,1 pontos, desde março de 2020, mês que demarcou o início da pandemia.
“O fim de ano é, tradicionalmente, um momento de boas expectativas para o varejo. Em 2022, há uma condição especial e inédita que é a conjugação das intenções de compra para a Black Friday e o Natal com a realização da Copa do Mundo do Catar”, avalia o presidente da CNC, José Roberto Tadros. Segundo ele, esse impulso adicional, a economia atual favorável e a previsão do pagamento da primeira parcela do 13º salário reforçaram a confiança do empresário do comércio brasileiro.
A expectativa da CNC é que a Black Friday movimente R$ 4,2 bilhões, o maior faturamento desde 2010, enquanto a Copa deve ser responsável pelo incremento de R$ 1,5 bilhão no varejo.
Intenção de contratação recorde
Do total de comerciantes pesquisados, 85,2% apontaram que vão aumentar a contratação de funcionários neste fim de ano. Essa é a maior proporção desde o início da apuração do Icec, em 2011. No comparativo mensal, o indicador teve uma alta de 0,2%, após três meses de queda, o que resultou no maior nível histórico: 144 pontos.
“A chegada das festas de fim de ano e o desempenho mais favorável da economia e do comércio estão incentivando as intenções de investir para absorver funcionários e estimular o consumo”, aponta a economista da CNC responsável pela pesquisa, Catarina Carneiro da Silva.
Segundo estatísticas da Confederação, o Natal deve levar à contratação de 109,4 mil trabalhadores temporários, o maior volume em nove anos. Destes, espera-se que 11% sejam efetivados.
Otimismo sobre situação geral do comércio em alta
Em linha com a evolução positiva do varejo em setembro, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a avaliação dos empresários em relação à situação atual do comércio voltou a melhorar no penúltimo mês do ano, com alta de 2%, após quedas nos três meses anteriores. O comerciante do segmento de supermercados, farmácias e lojas de cosméticos foi o mais otimista em novembro, com alta de 4,4% no indicador.
Segundo a economista Catarina Carneiro da Silva, as deflações entre julho e setembro melhoraram o poder de compra dos consumidores e, consequentemente, as vendas no comércio. De acordo com a economista, em setembro, houve 0,51% de deflação no grupo de alimentação e bebidas, itens de grande peso na cesta de consumo da população. Apesar de em outubro a inflação neste grupo ter registrado aumento de 0,72%, o resultado acumulado em 12 meses desacelerou em 0,50 ponto percentual.
Vendas animam setor de roupas e calçados
Os comerciantes do segmento de vestuário, tecidos e calçados continuam os mais satisfeitos com o nível de atividade do setor. O indicador chegou a 120,3 pontos, marcando a sétima alta mensal seguida. “Essa dinâmica acontece pela necessidade que os consumidores têm, neste momento, de roupas e calçados novos para a retomada dos eventos sociais de fim de ano, o que deve ser incentivado pela Copa do Mundo”, explica Catarina Carneiro da Silva.
Uma sondagem especial feita pela CNC com 18 mil consumidores em todas as capitais e no Distrito Federal revelou que 36% dos brasileiros pretendem comprar itens relacionados com o Mundial de Futebol, uma alta de 12 pontos percentuais em relação ao Campeonato de 2018. Os preferidos são os artigos de vestuário temático, indicados por 14,9% dos entrevistados.