Especialista fala sobre o papel do cloro no tratamento de água
A água é um bem finito. Embora o Brasil detenha entre 12% e 16% da água de todo o planeta Terra, é necessário implantar uma gestão eficiente para combater uma escassez cada vez maior nos próximos anos. De acordo com José Galizia Tundisi, autor do livro Água no século 21 e importante especialista no assunto, alguns problemas de nível mundial chamam muita atenção. “Cerca de 1/3 da população mundial vive em países onde a falta de água vai de moderada a altamente impactante. Mais de um bilhão de pessoas têm problemas de acesso à água potável – o que resulta em centenas de milhões de casos de doenças de veiculação hídrica e mais de cinco milhões de mortes a cada ano. Vale ressaltar que a contaminação dos mananciais está diretamente relacionada ao aumento nos custos do tratamento de água”.
No Rio de Janeiro, por exemplo, a Estação de Tratamento de Água (ETA) Guandu, controlada pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), é uma das maiores do tipo no mundo. Ela recebe água do rio Guandu para abastecer 92% da população da região metropolitana do Rio de Janeiro, trata 43 mil litros de água por segundo e abastece uma população de 9 milhões de pessoas. Mas a água que chega à ETA Guandu tem uma carga poluidora significativa – o que exige um tratamento que segue padrões rigorosos para tornar a água limpa para o consumo da população. Segundo a própria Cedae, são gastas 15 toneladas de cloro por dia, entre outros produtos, para que a população possa abrir a torneira com segurança.
De acordo com José Rosenberg, diretor-geral da Katrium Indústrias Químicas – empresa de extrema importância para o Rio de Janeiro, por ser a única fabricante de cloro utilizado no tratamento de água para a população de todo o Estado – o cloro é uma substância fundamental na potabilização da água, garantindo a inexistência de organismos prejudiciais à saúde. “Ciente da complexidade envolvida no tratamento da água que chega à torneira do brasileiro, a população poderia cooperar ainda mais com o uso consciente da água potável e garantir que as reservas de água continuem atendendo às necessidades de resposta a emergências”.
Rosenberg acredita que o conhecimento é o principal aliado para o uso consciente da água. “É importante reduzir todo uso não essencial da água tratada, evitando regar gramados, lavar calçadas e carros na frente de casa, encher piscinas nos meses mais frios… até mesmo o banho deve ser curto, levando também em consideração o custo da energia elétrica e a quantidade necessária de água para gerar essa energia. O reuso, em muitos casos, é a forma mais inteligente de valorizar esse bem finito”. Ainda com relação ao uso do cloro no tratamento da água, Rosenberg explica que o produto é utilizado na etapa de desinfecção, fazendo com que a água que sai da estação de tratamento chegue isenta de bactérias e vírus na casa do consumidor.
Segundo o Instituto Trata Brasil, 35 milhões de brasileiros ainda não têm acesso à água tratada. São pessoas mais expostas a sérias doenças, como viroses, hepatite A, giardíase, disenteria bacilar, febre tifoide, cólera, diarreia, esquistossomose, verminoses e leptospirose. A diminuição da incidência de doenças transmitidas pela água somente será alcançada com a técnica de cloração. Além disso, o acesso à água potável impacta diretamente nos índices de mortalidade infantil, visto que a diarreia é a terceira principal causa de morte de crianças de até cinco anos no mundo.
Fontes:
https://sbhsf.com.br/wp-content/uploads/2020/08/novo_A_AGUA.pdf
https://cedae.com.br/Portals/0/folheto_institucional_guandu.pdf
Prof. José Galizia Tundisi, autor do livro Água no século XXI
José Rosenberg, diretor-geral da Katrium Indústrias Químicas – https://www.katrium.com.br