Três belgas, duas holandesas e uma brasileira. Não, não se trata de um grupo de turistas em Paraty, mas das opções do menu de cervejas da Pousada do Sandi, em Paraty. A carta, embora enxuta, oferece uma curadoria cuidadosa, capaz de satisfazer os amantes da bebida, com rótulos como a holandesa La Trappe, e as belgas Chimay e Delirium. Apenas uma brasileira foi eleita, a Blackfin, cerveja artesanal de Cunha (SP), a 50 km da cidade histórica.
A fórmula básica da bebida alcoólica mais popular do mundo é a mesma há mais de dez mil anos: água, malte, lúpulo e levedura. Mais de 150 bilhões de litros de cervejas são produzidos todos os anos no planeta. O Brasil ocupa o terceiro lugar mundial na produção e no consumo, e vive um boom no setor artesanal, com crescimento de 14% ao ano.
Esse cenário ampliou a procura por bebidas de qualidade, o que fez a Pousada repensar sua oferta de cervejas. “Nossa seleção atende essa demanda por bebidas diferenciadas e valoriza os produtores da região, como é o caso da Blackfin, de Cunha”, diz o proprietário, Sandi Adamiu. Nascida entre a serra e o mar, a Blackfin é uma cervejaria novíssima, criada em 2020, com a proposta de produzir cervejas autênticas com alta qualidade. Desde IPAs modernas até as receitas mais clássicas, com atenção especial à redução dos impactos ambientais e ajudando a desenvolver a região com sustentabilidade -valores que conversam com os da Pousada do Sandi.
O menu de cervejas, presente no cardápio do bar e da piscina, traz uma IPA leve e aromática, com amargor moderado e um toque de notas cítricas e frutas tropicais. Para quem quer brincar um pouco com o teor alcoólico, a Delirium, rótulo da cervejaria belga tida como uma das melhores do mundo, cumpre essa função, apresentando versões de graduação de até 8,5%.
Já a La Trappe blonde, por exemplo, é refrescante, de coloração dourada, com aroma e sabor de frutas amarelas e espuma persistente. Quem aprecia as cervejas mais populares, contudo, não precisa se preocupar. A holandesa Heineken e a belga Stella Artois continuam na carta, e também podem ser harmonizadas com os deliciosos petiscos do cardápio da pousada.
Antes mesmo de chegar a Paraty, ou ao longo da estadia, Sandi recomenda ainda uma visita à cervejaria Blackfin, na estrada Paraty-Cunha, para conhecer seu processo de produção. O local oferece um “boteco” de comida japonesa com excelente comida e serviço. “É um passeio interessante para ampliar a jornada do hóspede, que conosco começa antes da estadia e pode continuar depois do check-out, com dicas de roteiros e programas para proporcionar a melhor experiência em Paraty”, diz o empresário.
Sobre a Pousada do Sandi
Ampliar o conceito de hospedagem para oferecer uma experiência única em Paraty é a proposta da Pousada do Sandi. O casarão do século XVIII que abriga a propriedade já foi a Casa da Moeda, durante o ciclo do ouro, e a primeira escola de Paraty. A construção colonial estava abandonada, em meados dos anos 80, quando o empresário Alexandre Adamiu se apaixonou por sua esposa, Sandra Foz, e pela cidade que ela amava.
Grande empresário do cinema, presidente da Paris Filmes, Alexandre era também um visionário. Conta-se que foi em uma noite alegre, entre amigos, pelos bares da cidade, que ele decidiu arrematar o casarão, que reúne um conjunto de seis casarões, em uma esquina, no coração do Centro Histórico. Depois de uma longa reforma, ele presenteou Sandra com a Pousada do Sandi, perto de 1990. A pousada foi batizada em homenagem ao filho único do casal.
A Pousada do Sandi já nasceu como uma estrela. Alexandre teve ainda a ideia incluir um anúncio da pousada nas fitas VHS distribuídas pela Paris Filmes. Foi um sucesso. A Pousada do Sandi logo se tornou uma referência no imaginário dos brasileiros. Há dez anos, o próprio Sandi e sua mãe, Sandra, assumiram a administração da pousada, conservando a tradição do bem receber e a vontade de inovar e se renovar, sempre.