Projeto pioneiro realizado pela CVRA em parceria com a Universidade de Évora, busca proteger e valorizar o Alentejo por meio de práticas sustentáveis, garantindo assim a durabilidade das vinhas e adegas
Aves de rapina, como falcão e águia, e morcegos são utilizados com predadores de pragas para proteção natural da região vinícola
O enrelvamento, prática agrícola que consiste na manutenção do revestimento vegetal natural, controla a qualidade do solo da vinha. Além disso, o uso responsável de água, energia e compostos orgânicos também aplicado no programa de sustentabilidade da CVRA, já auxiliou na redução do consumo de 30% de energia e 20% de água.
A natureza é o ponto de partida para a singularidade dos Vinhos do Alentejo. A região, que representa um terço de Portugal, é um dos mais belos pontos turísticos do país e atrai visitantes de todo o mundo. A grande procura se dá ao fato de o Alentejo ser um dos ambientes de maior biodiversidade da Europa e cenário de forte atividade econômica de vinhas e adegas.
Mas como toda cadeia em alta escala, é preciso encontrar meios de produzir sem esgotar. Foi pensando nesse compromisso com a natureza que a Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA) desenvolveu o Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo (PSVA). Pioneiro em Portugal, a iniciativa cria melhores práticas para aumentar tanto a competitividade quanto a sustentabilidade dos vinhos alentejanos a partir de técnicas que protegem o meio ambiente, as vinícolas e facilitam o trabalho dos produtores. “Das vinícolas às taças, cada etapa da produção do vinho é minuciosa e pode resultar em sabores diferentes. Por isso, o foco do PSVA é garantir, não só a qualidade da bebida, mas também uma produção sustentável”, destaca João Luís Barroso, coordenador do Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo.
Divido em 3 setores distintos (1. Viticultura; 2. Adega e 3. Viticultura & Adega), o programa de sustentabilidade da CVRA foi desenvolvido a partir da análise de todo o ciclo de vida, onde cada fase da produção do vinho é identificada – desde a instalação de uma vinha, preparação do solo, uso de rega, preservação e promoção da biodiversidade até à gestão de energia dentro da adega, compras ecológicas de componentes ou embalamento final da garrafa, não abandonando os recursos humanos, a comunidade envolvida e a contribuição para sociedade e economia local e regional.
“Da análise do solo ao controle de pragas, tudo é pensado da maneira mais eficiente. Todas as vinícolas que aderem ao nosso programa, adotam práticas que envolvem menos produtos químicos, mais reaproveitamento de água e menor carga poluente na terra. Essa combinação não só protege a natureza como melhora a qualidade das uvas”, explica Barroso, coordenador do programa.
Melhores Práticas
Entre as práticas sustentáveis destaca-se o enrelvamento, prática agrícola que consiste na manutenção do revestimento vegetal natural, para controlar a qualidade do solo. Com isso, obtém-se melhor retenção de água, resistência à erosão, aumento da matéria orgânica no solo e captação de insetos auxiliares. O uso deste recurso contribui, no combate às pragas por meio de seus predadores naturais, de forma a diminuir a quantidade de pesticidas químicos nas vinhas.
Além disso, o programa de sustentabilidade da CVRA utiliza também como predadores de pragas, aves de rapina, como falcão e águia, e morcegos. Um dos maiores produtores vinhos da região do Alentejo, por exemplo, possui 28 caixas de madeira instaladas em postes ao longo de suas vinhas, onde atualmente residem cerca de 600 morcegos. A ideia é que esses morcegos deem conta dos agressores em suas refeições.
Uso sustentável de água e energia
Nas adegas, a produção de vinho consome bastante recursos naturais, seja água, energia ou materiais. Nesta etapa, as melhores práticas ficam por conta de mudanças culturais focadas na formação dos colaboradores e na promoção da sustentabilidade no local de trabalho. Para completar essa estratégia ecológica e reduzir desperdícios, o programa de sustentabilidade da CVRA incentiva às vinícolas associadas à reciclagem e à reutilização de diferentes resíduos – como por exemplo, a fabricação de compostos orgânicos que podem ser usados como fertilizantes, não gerando lixo.
Em relação à água, além de ser um recurso natural importante e limitado, é um fator essencial para o desenvolvimento econômico de qualquer empresa. Diante disso, a CVRA orienta que cada associado tenha uma gestão responsável do uso de água na adega e no processo de produção dos vinhos. Já sobre energia, a Comissão Vitivinícola Alentejana recomenda a redução do consumo e otimização de energia na adega e em outros processos de produção.
Com cerca de 381 membros adeptos ao programa, os resultados sustentáveis já revelam pontos positivos para o meio ambiente: houve 30% de redução do consumo de energia e 20% do consumo de água. “O objetivo não é trabalhar com custos e sim investimentos, é importante que exista a consciência das empresas pela sustentabilidade, porque isso vai muito além da vinha ou da adega, acompanhando a todos em um novo estilo de produção e até mesmo de vida”, finaliza Barroso.
SOBRE A CVRA – Comissão Vitivinícola Regional Alentejana
A Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA) foi criada em 1989 e é um organismo de direito privado e utilidade pública que certifica, controla e protege os vinhos DOC Alentejo e os vinhos Regional Alentejano.
É também responsável pela promoção dos Vinhos do Alentejo, no mercado português e em mercados-alvo internacionais. Sua atividade é financiada através da venda dos selos de garantia que integram os contrarrótulos dos Vinhos do Alentejo.
Para mais informações acesse: www.vinhosdoalentejo.pt