Esta é uma colheita especial para o produtor, não apenas pelo ano vinícola, 2017, mas porque o mais recente Quinta do Crasto Vinha Maria Teresa celebra a conclusão da primeira fase do projeto PatGen Vineyards, um intensivo trabalho de mapeamento genético do património de vinhas velhas da Quinta do Crasto.
Este é um procedimento habitual para qualquer equipa de viticultura: diagnosticar o estado de saúde das videiras e proceder à sua reposição quando necessário, para garantir a continuidade da própria vinha. No entanto, em 2009, durante uma reunião das equipas de terreno da Quinta do Crasto, aquele que seria um trabalho simples levantou uma questão complexa: proceder à substituição de videiras em vinhas centenárias, como é o caso da Vinha Maria Teresa, cujo perfil único se deve, precisamente, à multiplicidade de variedades que a constituem e que não deve ser alterado.
Estava dado o primeiro passo para a criação de um inédito e projeto de proteção e salvaguarda deste património genético raro. A idade avançada e o estado vulnerável desta vinha velha, que deve o seu nome à neta de Constantino de Almeida, fundador da Quinta do Crasto, serviram de mote para que se iniciasse o projeto PatGen Vineyards (Património Genético das Vinhas), como viria a chamar-se oficialmente. Para Tiago Nogueira, responsável de viticultura da Quinta do Crasto, “o desafio foi realizar um rigoroso mapeamento genético de cada videira que está plantada na Vinha Maria Teresa, ao longo dos seus 4,7 hectares, com o objetivo de proceder à reposição de videiras mortas por variedades geneticamente idênticas, perpetuando, desta forma, o ADN único deste terroir”.
Quinta do Crasto Vinha Maria Teresa 2017
Manuel Lobo, enólogo da Quinta do Crasto, acredita que este projeto terá um grande impacto na viticultura no Douro uma vez que permite, “através da tecnologia que estamos a usar, a tomada de decisões mais fundamentadas em momentos-chave para a vinha, mas também antecipar necessárias intervenções humanas, sempre videira a videira, para garantir o nível de fertilidade da planta e evitar a sua falência. É um trabalho complexo, exaustivo e exigente, mas absolutamente indispensável para garantir a sustentabilidade e o futuro do património de vinhas velhas da região e dos grandes vinhos que produzem”.
Um desses exemplos é o Quinta do Crasto Vinha Maria Teresa 2017, que acaba de ser apresentado ao mercado. Resultado de um ano desafiante para as equipas de viticultura e enologia, caracterizado pela baixa produção das videiras contrariada pela qualidade e equilíbrio da uva, este vinho estagiou durante 20 meses em barricas de carvalho 100% novas, sendo 90% de carvalho francês e 10% de carvalho americano. O lote final foi criado a partir da seleção das melhores barricas.
Tudo isto se traduz num vinho de cor rubi carregado, que impressiona no nariz pela sua complexidade e frescura aromática, destacando-se notas de esteva, frutos silvestres do Douro e especiaria. Na boca, revela-se um vinho sedutor, com taninos de textura suave em harmonia com notas retro nasais que lembram aromas de bosque. Termina de forma envolvente, em equilíbrio e com persistência.
Um vinho que expressa toda a identidade da centenária Vinha Maria Teresa e que já pode ser encontrado principais garrafeiras nacionais, com um PVP informativo de 200 euros. A distribuição em Portugal é exclusiva da Heritage Wines.