Perspectivas de maior movimentação em alguns segmentos do setor produtivo, reveladas por pesquisa divulgada ontem, anima empresários do setor de hotelaria e alimentação fora do lar.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou ontem (dia 14) a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) que trouxe dados animadores para o setor produtivo brasileiro: o volume de receitas do setor de serviços cresceu 1,1% entre junho e julho deste ano, já descontados os efeitos sazonais. O resultado mensal veio próximo à expectativa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) – que projetava variação de 1,2% ante o mês anterior. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, houve, no entanto, variação de +17,8% – taxa influenciada pela baixa base comparativa decorrente do início da flexibilização da quarentena após a primeira onda de contaminação da população.
O presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA), Alexandre Sampaio, recebeu com alegria a notícia: “Tanto o setor hoteleiro, quanto o de alimentação fora do lar vêm buscando alternativas para compensar as perdas causadas pela pandemia. E o resultado está aí no levantamento do IBGE e nas projeções da CNC”, afirma o empresário.
De acordo com o levantamento do IBGE, a queda do isolamento social associada à desaceleração no número de casos de contaminação e mortes pelo novo coronavírus tem viabilizado a retomada dessas atividades, sobretudo os serviços de alojamento e alimentação (+42,3% em relação a março deste ano). Assim, a sequência de ganhos reais mensais fez com que o setor registrasse, em julho, volume de receitas 3,9% superior àquele verificado em fevereiro de 2020, sendo superado apenas pelo comércio, com avanço de 5,9% no mesmo período.
Com volume de receitas 24,6% inferior ao verificado em fevereiro de 2020, o turismo ainda deverá demorar a registrar ganhos nessa base comparativa. Contudo, o segundo semestre de 2021 já apresenta sinais claros maior de dinamismo nas atividades turísticas.
Para o presidente da FBHA, hotéis, bares e restaurantes têm reagido dentro do esperado, mas a expectativa é de que com os feriados do Dia de Nossa Senhora da Aparecida (12 de outubro) e Finados (2 de novembro), e principalmente com as festas de fim de ano, haja um aumento considerável pela procura destes serviços.
Outra notícia positiva é que as perdas mensais de receitas, por exemplo, recuaram pelo quarto mês consecutivo e tendem a se reduzir na medida em que as barreiras à circulação de turistas forem relaxadas. “Em julho, as atividades turísticas somaram R$ 17,4 bilhões em perdas e operavam, em média, com 63% da sua capacidade de geração de receitas, segundo levantamento realizado pela CNC. Pelas contas da entidade, o setor já acumula perda de R$ 413,1 bilhões desde o início da crise sanitária”, afirma Alexandre Sampaio.
Regionalmente, os estados de São Paulo (R$ 171,6 bilhões) e do Rio de Janeiro (R$ 50,2 bilhões), principais focos da Covid-19 no Brasil, concentram mais da metade (54%) da perda nacional de receitas com serviços turísticos.
Mais um sinal claro da aposta na recuperação do setor tem sido a reação do mercado formal de trabalho. Pela primeira vez desde o início da pandemia, as atividades turísticas acumulam mais admissões (1,061 milhão) do que desligamentos de funcionários (1,018 milhão), de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Assim, em relação ao estoque de funcionários de julho do ano passado, o saldo de 42,6 novas vagas ampliou em 1,4% a força de trabalho do setor.
“Assuntos de extrema importância para o nosso trade foram colocados em pauta. Pudemos contar com uma apresentação especial do projeto ‘Vai Turismo – Rumo ao Futuro’, iniciativa da CNC para que haja um movimento nacional que impulsione o setor, principalmente após o impacto da pandemia. Também contamos com os nossos assessores jurídicos, que apresentaram temas que influenciam o desenvolvimento do nosso segmento, como o PERSE, Reforma Tributária, PEC 110 e PL 2045”, comenta o presidente da FBHA.
Sampaio entende que assuntos diversos, como a exigência da vacina para frequentar restaurantes e hotéis e a nova formatação de delivery no Brasil, também contribuíram para a retomada turística.