Sofre de “burnout”? Vai nascer um hotel anti-stress em Folgosinho

Sofre de "burnout"? Vai nascer um hotel anti-stress em Folgosinho

Para construir o hotel anti-stress, foram recuperados cinco edifícios. Foto: Liliana Carona/RR

 

Um grupo de investidores belgas vai abrir, em Folgosinho (Serra da Estrela), um centro de recuperação/hotel para tratar dependências e outros quadros clínicos como stress, ‘burnout’/esgotamento, ansiedade e depressão.

O seu mentor, Julien, teve problema com drogas quando era jovem e conta à Renascença como se debateu com a ansiedade e a depressão. Até que um dia o pai, numa última hipótese que lhe dava, o enviou para um retiro na Tailândia.

O New Life Portugal é inspirado nessa experiência. A futura unidade turística vai conjugar terapias com turismo.

Com meia centena de quartos, o projeto precisou de um investimento de sete milhões de euros, sendo apoiado por fundos comunitários e pelo Turismo de Portugal. Vai criar 13 postos de trabalho e ajudar a repovoar uma zona desertificada do país.

Julien Gryp quase não fala português, mas fala o suficiente para indicar o caminho ao motorista que o leva ao local que lhe provocou “uma paixão à primeira vista”, em 2016. No número 1 do Caminho das Regadas, em Folgosinho, Julien, de 43 anos, belga, casado e com uma filha de dois anos, recorda “os tempos em que deu problemas aos pais” e conta que quando era novo, “era viciado em drogas”, debatendo-se com ansiedade e depressão.

“Tive problemas com a polícia, porque roubava. Os meus pais mandavam-me para centros e clínicas de reabilitação, mas não funcionava”, revela.

“O meu pai deu-me uma última hipótese. Encontrou um lugar na Tailândia, um retiro espiritual (mosteiro), um ‘detox center’ e fui para lá. Para ser honesto, pensei que voltaria para Banguecoque e continuaria com a vida de drogas”.

Mas a permanência de Julien no mosteiro durante 30 dias deu resultados. “Foi a primeira vez que me senti inspirado a mudar de vida, pelo trabalho social que via lá; tornei-me monge budista, fiquei oito anos lá, praticando meditação de uma maneira árdua e mudou a minha vida completamente. Percebi o senso de comunidade, de pertença, de inspiração, encontrar um sentido para a vida, fazer algo bom para o mundo”, relembra Julien que, após essa experiência, decidiu com outro colega belga, criar um centro na Tailândia, para as pessoas em tratamento de ‘burnout’, trauma, ansiedade, depressão.

 

“Não é um hotel como estamos habituados”

Em 2016, perante o sucesso da Tailândia, Julien decidiu trazer o programa para a Europa. “Contactei alguém aqui em Portugal que tinha terrenos e estava a vender e imediatamente apaixonei-me. Apanhei o avião com a minha mulher e é simplesmente perfeito”, observa.

Reabilitadas cinco casas rurais ao abandono, Julien Gryp tem 12,5 hectares para instalar um centro comunitário de recuperação e tratamento de dependências e não só. “Será um projeto onde ajudaremos as pessoas que sofrem com stress, depressão, ‘burnout’, adições, com terapeutas, psicólogos, centro de recuperação de adictos, no fundo trazer o programa da Tailândia, mas com níveis mais elevados, com mais profissionalismo” insiste Julien.

Mas, é um hotel? “Não é um hotel como estamos habituados, é um hotel para pessoas em tratamento e recuperação”, explica.

O investimento compreende um restaurante, uma piscina, spa, ginásio, sauna, um centro de meditação que servirá para meditação e ioga, uma sala de terapia para os hóspedes, sala de convívio e a possibilidade de praticar atividades desportivas, além de fomentar outras atividadescomo a plantação de legumes, o trabalho na cozinha, tratar dos animais, “uma vida rural e uma forma de meditação”, conclui Julien, garantindo que tem uma base de dados com cerca de cinco mil utentes, que já demonstraram interesse em marcar estadia na unidade que abrirá portas no final deste ano.

Sem fins lucrativos, o responsável da ideia, ainda não sabe que preços vão ser praticados, mas recorda que na Tailândia, a estadia com terapia para 3 meses, custa seis euros por dia.

A ideia, importada da Tailândia por Julien, encontrou em Folgosinho pelas mãos de investidores belgas, o espaço perfeito.

“A localização no Parque Natural é fantástica, a possibilidade de fazer atividades, explorar a natureza, é o local ideal para meditação e com a comida local, o queijo”, sorri Julien, acrescentando que já formou uma equipa.

“Estou surpreendido pela positiva, são generosos e simpáticos”, enaltece a forma como foi acolhido no concelho de Gouveia.

Fonte: rr.sapo.pt

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