Alexandre Sampaio, presidente da FBHA, explica que a procura pela tecnologia surgiu como uma alternativa para fugir de prejuízos acumulativos.
De acordo com a pesquisa “O impacto da pandemia do coronavírus nos pequenos negócios”, realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), 85% das empresas turísticas brasileiras se digitalizaram no último ano.
Nos setores gerais do comércio e serviços, essa mudança ocorreu em 67% dos negócios do país, sendo o WhatsApp, Instagram e Facebook as plataformas mais procuradas para esse processo, respectivamente.
Os dados indicam que o turismo teve uma média geral superior aos demais avaliados, o que coloca o segmento na liderança dos setores que mais digitalizaram suas operações para atravessar a crise. Alexandre Sampaio, presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA), explica algumas razões para esta mudança: “A situação do nosso setor é preocupante. Desde o ano passado, estamos sofrendo perdas progressivas com a redução de circulação de turistas no país. Diante desse cenário, foi necessário inovar. Por essa razão, estudamos formas de minimizar os prejuízos e, assim, a digitalização surgiu como uma forte aliada para muitos negócios”, comenta.
Uma das mudanças mais perceptíveis diz respeito aos bares e restaurantes. Muitos estabelecimentos, vendo a queda do faturamento, buscaram novas maneiras de alcançar o público. O delivery surgiu, portanto, como uma ferramenta para ser aprimorada e melhor explorada.
Segundo a pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), as comidas por entregas, assim como as compras de supermercado, tiveram um incremento nas vendas via internet. O levantamento indicou as duas categorias com maior crescimento no número de consumidores no comércio eletrônico.
Entretanto, Dorivam Rocha, empresário e dono da Dor’s Burger, que atua no segmento de sanduíches artesanais desde 1989, em Fortaleza, avalia a situação de uma forma negativa, visto que houve uma redução de receita em até 70%, com trabalhos destinados apenas à operação de delivery.
“O principal horário de atendimento, pré-pandemia, ocorria após às 22h, especificamente para o Dor’s. Contudo, impossibilitado de funcionar no horário de maior demanda, resolvi enxugar a operação focada somente no delivery”, informa.
Para o presidente da FBHA, o investimento digital se tornou obrigatório em muitas regiões para que pudesse ser possível manter a renda dos estabelecimentos. Entretanto, muitas empresas tiveram prejuízos com as operações.
“Não tivemos saída: o mundo virtual auxiliou para não permitir o fechamento de milhões de negócios. Buscamos plataformas e estratégias que mantivessem a renda, mas não podemos negar que o faturamento teve uma redução significativa. Com isso, apesar de novas ferramentas, ainda estamos sofrendo com os efeitos da pandemia”, complementa Sampaio.