Alexandre Sampaio, presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA), avalia que o segmento depende do avanço da vacinação no país para que o trade possa minimizar os seus prejuízos
O turismo brasileiro ainda possui um longo caminho pela frente até a recuperação geral do setor. A constatação, feita por especialistas, como Alexandre Sampaio, presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA), mostra que o segmento enfrenta um período turbulento por conta da pandemia desencadeada pela Covid-19.
“O cenário atual é de um cancelamento em massa de viagens que foram planejadas antes da chegada do coronavírus ao país. Apesar da vacinação estar avançando, o surgimento de novas variantes tem dificultado a retomada dos turistas. Como consequência, adquirimos uma redução expressiva das nossas receitas. Estamos sofrendo com os déficits dentro do segmento há um ano e meio”, lamenta Sampaio.
De acordo com o levantamento realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), as atividades turísticas já somam prejuízo de R$ 395,6 bilhões de março do ano passado até junho deste ano. Além disso, o trade apresenta ociosidade elevada, operando com cerca de 57% da sua capacidade mensal de geração de receitas.
Sampaio, que também é diretor da CNC e coordenador do Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade (Cetur), avalia que a situação só poderá ser revertida com a gradual liberação da circulação dos turistas no Brasil e, também, no exterior.
Ele ainda destaca que segmentos específicos foram impactados de uma forma mais ampla, como é o caso das viagens corporativas, que caíram 39,6% no primeiro semestre ainda sob impacto da pandemia. A informação, divulgada na segunda-feira (16), pela Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas (Abracorp), evidencia a situação delicada do setor.
“A avaliação da Abracorp constatou que totalizamos R$ 1,427 bilhão em comparação aos R$ 2,364 bilhões de janeiro a junho de 2020. Quando avaliamos com o ano retrasado, os números são ainda mais críticos: tivemos uma queda de 74,3%, pois, na época, as vendas somavam R$ 5,570 bilhões”, indica.
Para Sampaio, o Brasil busca a recuperação de forma gradual, levando em consideração que algumas regiões buscam movimentar a recepção de turistas e a realização de eventos. Contudo, para o especialista, ainda é necessário investir na ampla imunização da população para que o retorno do setor seja concreto.
“É possível que a gente comece a desenvolver uma retomada no final de 2022, beirando 2023. Contudo, isso depende do controle da infecção viral. Estamos cientes de que é um processo moroso e que exige muitos cuidados. Por isso, estamos trabalhando arduamente para que esse processo seja feito de forma segura e sem gargalos”, complementa o presidente da FBHA.
Ainda de acordo com a pesquisa, em junho deste ano, os serviços turísticos operaram 22,8% abaixo do nível de fevereiro de 2020. Além disso, São Paulo e Rio de Janeiro são os estados que apresentam mais da metade do prejuízo acumulado, chegando a R$ 161,3 bilhões e R$ 47,9 bilhões, respectivamente.
Sobre a FBHA – A Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA) é uma entidade sindical patronal constituída com a finalidade de coordenação, defesa administrativa, judicial e ordenamento dos interesses e direitos dos empresários da categoria e atividades congregadas. Integra a chamada pirâmide sindical, constituída pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), pela própria FBHA, pelos Sindicatos e pelas empresas do setor.
É uma das maiores entidades sindicais do país e tem representação nos principais órgãos, entidades e conselhos do setor empresarial e turístico do Brasil, tais como o Conselho Nacional de Turismo (CNT), do Ministério do Turismo, ou o Conselho Empresarial do Turismo (Cetur) da CNC.
Está presente em todas as regiões, através de 67 sindicatos filiados. Representa em âmbito estadual e municipal cerca de 940 mil empresas, entre hotéis, pousadas, restaurantes, bares e similares.