Por Elisa Soares
A Brazcarnes, dona da churrascaria Vento Haragano, vai se unir à Brazil Foodservice Group (BFG), proprietário dos restaurantes Porcão. A assinatura da fusão deve ser feita em 30 dias, mas a Brazcarnes já assumiu a gestão operacional das casas e tomou a frente nas negociações com a família Mocellin, antiga dona da Porcão que alega ter R$ 25 milhões a receber pela venda da empresa para a BFG.
As duas holdings, Brazcarnes e BFG, ainda discutem como ficará a composição acionária da nova empresa a ser criada. “A BFG tinha problemas de gestão do Porcão, em função de um imbróglio societário. Nosso estilo de gestão e nosso sucesso em São Paulo chamou a atenção e fomos chamados para fazer uma composição”, disse ontem ao Valor Lucas Zanchetta, presidente da Brazcarnes, novo nome da JLIV Foods, holding criada por Zanchetta em 2012 com foco em pães, cafés e carnes. Agora o foco da Brazcarnes é só churrascarias.
Nos últimos três meses, a Brazcarnes fez diversas aquisições. Comprou, segundo Zanchetta, 25 churrascarias e 25 restaurantes de menor porte que servem pratos rápidos com carnes. Ele não deu detalhes nem os nomes dos estabelecimentos adquiridos. O plano é que as 25 churrascarias, espalhadas pelo Brasil, ganhem a marca Vento Haragano, restaurante administrado pelo grupo há dois anos e hoje com 3 unidades. O Porcão tem 4 churrascarias.
“A fusão com o grupo BFG dará à Brazcarnes a posição de maior administradora de churrascarias do país”, disse Zanchetta. A nova empresa vai se chamar Brazcarnes e Zanchetta será o presidente. Segundo ele, a nova holding, avaliada em R$ 2 bilhões, vai faturar R$ 800 milhões neste ano. Em dois anos, a meta é faturar R$ 2 bilhões.
Segundo ele, a fusão com o BFG será feita com troca de ações entre os acionistas. Zanchetta estima que a companhia esteja pronta para negociar ações na bolsa em 90 dias. Quem está ajudando na estruturação e avaliação do negócio é o BTG Pactual, disse ele.
A “prioridade número zero”, segundo o executivo, é sanar o Porcão. Ele vai investir R$ 50 milhões para reformar e modernizar as unidades, a começar pela casa da Barra da Tijuca, que deve ficar um mês em reforma, a partir do final de setembro. Todos os restaurantes Porcão ficarão prontos a tempo da Olimpíada 2016, sediada no Rio. A loja da Porcão em Miami já está em reformas e deve abrir em 90 dias.
Em 2015, outros R$ 100 milhões devem ser investidos na Porcão. O restaurante deve faturar R$ 130 milhões este ano, com previsão de crescimento de 30% no ano que vem. A marca Garcia & Rodrigues, pertencente ao BFG e que batizava um restaurante no Rio, fechado em 2012, vai ser estampada nas sobremesas das churrascarias da Brazcarnes.
Zanchetta coordena as negociações com os Mocellin, antigos donos do Porcão, que alegam ter R$ 25 milhões a receber. “Estamos à frente das negociações. A família alega que companhia tem dívida com eles e já encontramos solução. Não significa que vai ter transação financeira. A [solução vai] envolver transferência de ativos imobiliários”, explicou, sem detalhar.
A fusão com a BFG vai gerar redução de custos. Segundo Zanchetta, a expectativa é que a margem operacional seja de 25%. A Brazcarnes vai focar cada vez mais em churrascarias e buscar soluções para ativos da BFG que não dialogam diretamente com a operação. A BFG é dona de termelétrica e do frigorífico IFC, hoje arrendado pela Marfrig.
Fonte: Valor