Vinícola de pequena escala promove resgate das castas patrimoniais chilenas

Colheita manual nos vinhos da BOWines, no Vale do Maule, Chile

Colheita manual nos vinhos da BOWines, no Vale do Maule, Chile. Divulgação/BOWines

 

Terroir hunter chilena, BOWines chega ao Brasil

Já estão disponíveis no Brasil os rótulos produzidos pela BOWines – Best Origin Wines. Trazidos pela importadora Novo Chile, os tintos desta vinícola são sustentáveis, focados na expressão do terroir e na preservação de castas patrimoniais chilenas.

Destaque para o Fillo Carignan (R$ 133 no ecommerce Da Girafa), primeiro rótulo lançado pela empresa e que carrega o DNA da BOWines: equilíbrio, sustentabilidade e identidade chilena. 

Fillo significa “filho” na língua aragonesa e homenageia a origem da Carignan na Espanha, onde o renomado enólogo e sócio-proprietário da BOWines, Alvin Miranda, viveu por 13 anos antes de retornar ao Chile. O vinho nasceu a partir do primeiro terroir encontrado por Miranda e seus parceiros: um vinhedo com mais de 70 anos na região de Peumal, no Maule, que persistiu sem irrigação ou qualquer tipo de manejo.

“Sentimos a necessidade de preservar estas uvas, pois são patrimônio da humanidade e se formaram em ecossistemas complexos. Vinificá-las é, inclusive, ir na contramão da indústria — que trabalha com imediatismo, busca somente o resultado econômico e acaba destruindo esses vinhedos. Nosso propósito hoje é criar vinhos de qualidade, com senso de respeito e origem”, revela Alvin.

Bastante floral e frutado, Fillo Carignan tem excelente acidez e também um certo caráter mineral, com final longo e intenso. Combina com peixes mais gordurosos, carnes brancas, vermelhas e sobremesas contendo frutas e cremes.

Deste mesmo terroir, nasceu alguns anos depois o Carae Carignan (R$ 212 no ecommerce Da Girafa) — rótulo premium da BOWines. Assim chamado em referência a um assentamento espanhol pré-românico homônimo, que originou o nome da uva, este tinto estagiou por 18 meses em barricas francesas de 2º e 3º uso. Na análise sensorial, expressa um bouquet requintado e complexo, com frutas vermelhas, tabaco, especiarias e um toque terroso. Na boca é fresco e macio.

 

O caráter “terroir hunter” da BOWines

A BOWines tem, entre seus principais propósitos, preservar “terroirs” únicos ameaçados para gerar vinhos com personalidade. E Peumal foi só o primeiro território adotado. O Fillo Malbec (R$ 133 no ecommerce Da Girafa), por exemplo, é elaborado com uvas provenientes de um vinhedo sustentável de 30 anos em Lolol, no Vale de Colchagua, a 40 km do Oceano Pacífico. Trata-se de um vinho jovem, picante, direto, com aromas varietais puros e toques sutis de lavanda e menta.

Malcriado (R$ 178 no ecommerce Da Girafa), por sua vez, é um assemblage elaborado com 25% de Cabernet Sauvignon de Requinoa, no Vale de Cachapoal, também de vinhedos com mais de 30 anos resgatados pela BOWines. Complementando o blend, é adicionado 75% da Carignan dos mesmos vinhedos do Fillo.

Com estágio de 12 meses em barricas francesas, o corte de Carignan deu o tom deste tinto fresco e equilibrado, com aromas frutados e elegantes notas de envelhecimento. No olfato, revela notas de morangos, cerejas, defumados, tabaco e mentolado; e no paladar, mostra-se fresco, untuoso e frutado.

“Além destes, devem chegar ao Brasil nos próximos anos os exemplares de Tempranillo do Maule e um Carménère de Marchigüe. Seguimos explorando e fazendo testes para incorporar novos terroirs”, conta Alvin Miranda, que não esconde o desafio em orquestrar as produções em diversos locais.

 

Escala humana na BOWines

Atualmente a BOWines trabalha com 10 hectares e produz 25 mil garrafas ao ano com uma estrutura reduzida: em escala humana e ainda sem vinícola própria. Desde 2012, ano em que o projeto foi iniciado, os profissionais fazem quatro vinificações em três adegas parceiras distintas; que ficam distantes até 300 km umas das outras.

“Já iniciamos um projeto vinícola em Requinoa, onde estão nossos vinhedos de Cabernet Sauvignon; mas hoje ainda seguimos atuando quase de maneira artesanal. É pesado, mas é um trabalho que nos move. Nosso time está unido por um espírito inquieto, que nos incentiva a assumir novos desafios”, revela Alvin.

 

Novo Chile: grandes vinhos de pequenos produtores

Os vinhos chilenos lideram o ranking de vinhos importados no Brasil há mais de 10 anos. Mas o brasileiro ainda está alheio à verdadeira revolução – como bem citou Jancis Robinson – iniciada por pequenos vinhateiros. Os dados não mentem: menos de 0,5% dos rótulos andinos que chegam ao país são de vinícolas independentes.

São brancos, rosés, tintos e espumantes elaborados em pequena escala; a partir de terroirs selvagens, microclimas diferenciados, com resgate de uvas centenárias e modelos de produção livres e sustentáveis. E o mais interessante: têm seus rótulos anualmente premiados por publicações e especialistas, como Patricio Tapia (Descorchados), Tim Atkin (Master of Wine), James Suckling e Robert Parker.

A importadora Novo Chile surgiu para representar ícones deste movimento. Atualmente, também traz ao Brasil vinhos das vinícolas Alchemy, Erasmo, Laura Hartwig, La Recova, OWM Wines, Trapi del Bueno e Villalobos. Para mais informações, acesse o site do Novo Chile.

Divulgação: PATH

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