Yes, nós temos azeite brasileiro no café da manhã!

 

 

Você já provou um azeite nacional? Não fique tímido caso a resposta seja negativa! É normal, quando pensamos em comprar um azeite de oliva, procurarmos apenas marcas importadas espanholas, portuguesas, italianas, chilenas e nem percebemos que existem rótulos nacionais na prateleira do supermercado.

Em 2018, o Brasil comemorou dez anos da primeira extração de azeite extravirgem feita pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), em Maria da Fé, no sul de Minas Gerais. Município pioneiro na olivicultura no país. Os trabalhos de melhoramento genético e seleção natural já renderam o desenvolvimento de oito cultivares brasileiras, uma delas, a conhecida como “Maria da Fé”, que é derivada das primeiras árvores trazidas da Europa em 1937.

 

 

Nessa última década, a produção se estendeu para regiões do Sul e do Sudeste do país e, por se tratar de uma cultura nova no Brasil, ela ainda está em adaptação, mas com números surpreendentes de crescimento. Em 2018, segundo a IBRAOLIVA (Instituto Brasileiro da Olivicultura) foram produzidos 150 mil litros de azeite de oliva no Brasil, 42% a mais que no ano anterior. Em 2021, a safra em Minas Gerais foi de 50 mil litros, segundo informações divulgadas pela EPAMIG.

O Brasil produz azeites de oliva de excelente qualidade e com uma vantagem: chegam frescos e em intervalo curto após a sua extração na casa do consumidor, além de ter características sensoriais de amargo e picância distintas às de outras regiões produtoras mundiais. Um azeite com aroma frutado, herbáceo e com o máximo de sabor que vem tendo a sua qualidade superior reconhecida que recebe prêmios todos os anos em vários concursos internacionais.

 

 

O azeite é feito por um processo natural, 100% suco de azeitona, por essa razão busque pelo azeite envasado mais recente. Ao contrário do vinho, quanto mais novo o azeite, melhor. Muitos fatores influenciam na qualidade, sabor e aroma do azeite de oliva, como a época da colheita das azeitonas, a região, o clima, o solo local, a umidade, o calor, a chuva, geadas e nevascas. Além disso, deve-se observar se o olival é de planície ou montanha. Portanto vários aspectos fazem a diferença do produto, como os tipos de cultivo, se recebem menos ou mais água, se são ecológicos e se o processo de produção do azeite seguiu o controle da temperatura em que foi feito a decantação do azeite, também a sua filtragem e modo de conservação, envase e embalagem.

Para que o produto seja considerado “azeite extravirgem” ou “azeite de oliva virgem”, não é permitida a presença de misturas com óleos vegetais refinados, como de soja, de outros ingredientes, aromas ou sabores. A luz e o calor são grandes inimigos do azeite, seguido do oxigênio. Por isso, ao comprar o seu azeite escolha embalagens escuras que ajudam a isolar o produto da luz. Verifique o local de origem, isso garante a qualidade e controle sobre toda a produção.

 

 

Eu trabalho há vinte anos no mercado de azeites de oliva no Brasil. Formei-me na Espanha, na Itália e no Uruguai como sommelier de azeite. Recordo-me de que ao visitar os produtores em países mediterrâneos, nos hotéis me serviam no café da manhã: pão, tomate ralado e azeite da região. Não por acaso, eles aproveitam essa importante refeição do dia para que as pessoas possam conhecer e apreciar a experiência da gastronomia com ingredientes locais. Isso é valorizar a cultura e fazer disso uma importante geração de turismo, adaptando nossas receitas tradicionais e oferecendo o que temos de ingredientes locais. Já imaginou servir uma goiabada com queijo e azeite mineiro para os seus hospedes no café da manhã? Garanto que seria no mínimo curioso e geraria uma boa história para contar e divulgar o seu estabelecimento. Caso você tenha um pequeno empório de produtos regionais dentro do hotel, ainda incentivará o hóspede a levar para casa um pouco da experiência vivenciada.

Além de ser saudável, rico em vitaminas e gorduras boas, o azeite é muito saboroso. Dá um toque especial nos seus pratos, sendo usado no preparo ou na finalização, podendo ser usado até mesmo em sobremesas. Por isso o azeite é um alimento versátil, cheio de sabores e aromas, que combina muito bem não só para finalizar pratos salgados, mas também para ser usado em sobremesas, sorvetes, saladas de frutas, bolos, doces em calda e em compotas. Portanto, conheça valorize e divulgue os nossos azeites brasileiros! Os mais de 85 produtores locais e a nossa rica gastronomia regional agradecem.

 

 

Ana Beloto – Azeitóloga, comunicóloga, especializada em marketing, varejo internacional e antropologia da alimentação responsável pelo blends de azeites nacionais e internacionais lançados no Brasil. Pertence ao corpo docente da Associação Brasileira de Sommelier ABS-Minassem

Divulgação: FBHA

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